Carta ao leitor

Olá! Seja bem-vindo ao blog Unespiando, mídia-laboratório da disciplina Técnica Redacional II –
Impresso (turma A), ministrada aos alunos do 2o. termo de Jornalismo da Unesp Bauru.

Aqui, você encontra vários formatos jornalísticos. São reportagens, entrevistas pingue-pongue etc.
Nossas duas metas são: experimentar e oferecer textos sobre assuntos relevantes.

Esta primeira edição é dedicada à cobertura das propostas de políticas públicas voltadas aos jovens,
dos candidatos a prefeito de Bauru.

Nossas equipes foram às ruas e entrevistaram os seis candidatos: Caio Coube, Clodoaldo Gazzetta,
José Leme, Márcia Camargo, Rodrigo Agostinho e Rosa Izzo.

Fizeram, também, uma matéria sobre a importância de políticas específicas aos jovens e outra sobre
a necessidade de formação para uma cultura política.

No Fala Jovem, opiniões da moçada sobre como escolhem em quem votar e sobre o que falta para
eles, em Bauru.

Tudo isso, feito em apenas um mês de aula. Pensa que foi fácil? Eles contam detalhes dessa
experiência na coluna Bastidores.

Pronto, nós já fizemos a nossa parte. Agora, falta a sua: ler, refletir e enviar seus comentários.

Boa leitura!

Profa. Roseane Andrelo

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Jovens e políticas públicas

A importância de traçar ações destinadas a essa faixa etária

As políticas públicas voltadas para jovens têm o objetivo de promover melhores condições de desenvolvimento e formação deles. São ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, como educação, saúde, lazer e moradia. Essas ações, como o nome já diz, são compromissos assumidos pelo Estado com a sociedade.
De acordo com o professor da Unesp-Bauru e sociólogo Murilo César Soares, “as políticas públicas para as crianças e para os jovens são mais importantes do que as políticas públicas para outras idades”. Isso porque essa faixa etária está em processo de crescimento e desenvolvimento. Segundo o sociólogo, as políticas de saúde são as mais básicas, pois é necessário que o jovem esteja saudável para poder tirar proveito das outras políticas, como as voltadas para educação. “É através da educação que, muitas vezes, os jovens humildes podem encontrar uma forma de ascensão social”, afirma Soares.
A estudante de jornalismo Mariana Cerigatto, representante de Bauru na I Conferência de Políticas Públicas para Jovens, concorda. “As políticas visam distribuir os bens públicos de maneira que esses cheguem de forma igualitária para todos os grupos sociais.” Segundo ela, as políticas públicas são mais importantes na juventude, que corresponde à maior parcela da população brasileira. No entanto, Bauru não possui políticas específicas para jovens, ou seja, as ações nessa área são muito deficientes. “Os jovens de Bauru são apenas contemplados com ações de âmbito federal, como o ProUni e a Escola da Família”, justifica Mariana. “Um grande avanço nessa área seria formalizar o PEC [Proposta de Emenda à Constituição], que visaria à garantia de direitos da infância e da adolescência.”
No Brasil, em geral, o que vemos é uma inversão nos investimentos públicos destinados aos jovens. Muitos acreditam que outros setores sociais, como o de idosos, requerem maiores investimentos estatais, apesar de especialistas no assunto afirmarem que jovens precisam de um maior montante de recursos por estarem em fase de desenvolvimento.
Em síntese, a juventude, histórica e socialmente, é um período marcado por certas instabilidades. O jovem ora é visto como o problema, indeciso e muitas vezes sem perspectiva para o futuro, precisando de acompanhamento; ora é visto como promissor de um cenário mundial melhor, disposto a ir à luta. Se interpretarmos a situação sob a primeira óptica, as políticas têm fundamental importância para tirarem o jovem de um caminho errado e inseri-lo na sociedade, preparado e consciente de seu papel social; se interpretamos pela segunda, as políticas ajudam norteando o jovem na luta e engajando-o cada vez mais na construção de um mundo melhor.

Para ler mais:

http://www.informacao.andi.org.br/relAcademicas/site/visualizarConteudo.do?metodo=visualizarUniversidade&codigo=10

http://200.155.18.61/informacao/25ddd12e_117460dd374_-7fc3.pdf

http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n24/n24a03.pdf

http://www.informacao.andi.org.br/relAcademicas/site/visualizarConteudo.do?metodo=visualizarTrabalhosSelecionadosConcurso

http://www.informacao.andi.org.br/relAcademicas/site/visualizarConteudo.do?metodo=visualizarSeriePublicacao&codigo=4

Entrevistas: Caio Coube (PSDB)


“O trabalho [na campanha] tem que ser feito até o último minuto”, afirma Caio.

Natural de Bauru, Caio Coube (PSDB), 50 anos, é candidato pela segunda vez à prefeitura da cidade e tem como vice o advogado José Clemente Rezende. Formado em administração de empresas pela FGV, ficou 12 anos à frente da presidência da Tilibra. Hoje administra uma confecção da família chamada Chica Brasil. Ex-jogador de basquete, Caio fundou o Bauru Basquete e presidiu o Noroeste. Sendo assim, ele vê o esporte totalmente conectado ao desenvolvimento do ser humano, sobretudo do jovem. Caio recebeu a reportagem na casa de sua família e contou sobre suas propostas dando ênfase à juventude bauruense.

Se eleito, como o senhor pretende inserir o jovem nas decisões da cidade?
Caio Coube: Acho que o jovem tem que ser contemplado nas suas necessidades na área da educação, do esporte, da cultura, do lazer e do entretenimento. Nossa preocupação está em massificar atividades e oportunidades de acesso a práticas esportivas e culturais bem como o lazer e o entretenimento além da geração de oportunidades de emprego.

Essas são todas suas propostas para os jovens?
C.C.:Não, as propostas para os jovens estão no contexto, pois não há uma preocupação específica de dizer: “olha, isso é dirigido aos jovens”, ou seja, os jovens acabam sendo contemplados no contexto das políticas públicas que a gente pretende implementar. Os jovens devem ter a percepção de que a cidade é um todo e que a escolha que ele vai fazer para prefeito é de alguém que tenha condições de realizar um trabalho, de dirigir a cidade, de administrá-la com o olhar para o jovem, mas sem perder de vista e de foco os outros grupos e as outras faixas etárias também.

O que o senhor acha que falta atualmente em relação a políticas públicas para os jovens?
C.C.:Acho que a maior dificuldade é o espaço físico e atividades que despertem o interesse, sempre com um conteúdo de atividades físicas, culturais e intelectuais como música, dança, teatro e pintura. Acho que o foco tem que ser olhar para o jovem como estudante, e acessar ele através das escolas, seja da rede municipal ou estadual e então articular atividades, não só da prefeitura, mas também em parceria com o governo. Há também uma questão muito presente no mundo moderno que é a inclusão digital, de acesso a informática e a criação de espaços públicos para que isso possa acontecer.

Como será o investimento na educação para os jovens?
C.C.:A constituição federal determina que todos os municípios apliquem 25% das suas receitas em educação, então essa é uma das áreas que menos tem problemas de recursos no caso de Bauru. O município é responsável pela pré-escola e pela educação infantil, assim, a prefeitura tem 74 escolas com 22 mil alunos. Na realidade, a população diretamente relacionada à prefeitura possui uma faixa etária baixa. O que podemos fazer para abranger os jovens de um modo geral é algo parecido com a Escola da Família que abre as escolas estaduais nos finais de semana, e proporciona uma série de atividades para toda a comunidade. Sendo assim, podemos colocar algumas escolas municipais cumprindo essa mesma agenda e oferecendo esses mesmos serviços. Nada impede também de usarmos a rede de escolas municipais para que fiquem abertas à população do bairro que não seja estudante. Além disso, temos o objetivo de, num primeiro momento, recuperar e dar vida e depois dotar de infra estrutura escolas, centros comunitários, ginásios de esportes, estádio distrital e estádio de futebol, que precisam estar disponíveis, bem cuidados para que possam funcionar.

Aproveitando a citação de espaços que não são bem aproveitados em Bauru: os jovens, em geral, sentem falta de eventos acessíveis, que todos possam participar. Quanto ao lazer, como o senhor pretende investir na área?
C.C.:O que eu disse nas outras questões vai muito ao encontro da sua pergunta. O poder público precisa, além de promover o acesso a práticas esportivas e culturais, estar atento: tem que criar alternativas de consumo acessíveis. A exemplo da Virada Cultural, que é promovida pelo governo estadual e que vem dando certo há três anos, governo do município pode fazer o “Dia da Ação Cultural”, no qual iríamos aos bairros e levaríamos um pacote de atividades, num sábado, por exemplo. A idéia é que seja das 14 às 21 horas, e aí comece com o pessoal do bairro se apresentando, os artistas da comunidade, e à noite se apresentariam os artistas locais. Isso está no nosso programa de governo e é uma coisa completamente factível.

Sabemos que jovens estudantes, maiores de 18 anos, não tem desconto na passagem do ônibus circular. Gostaríamos de saber se existe algum plano sobre o transporte público de Bauru, que está diretamente relacionada com essa parcela da população.
C.C.:Não é uma preocupação imediata, a curto prazo. Você está dizendo criar um subsídio? Eu acho que a idéia é boa, subsídio na passagem, mas provavelmente essa diferença de tarifa teria que ser bancada pelo setor público e acho que hoje nós temos muitas carências que possuem um grau de prioridade maior. Por exemplo, o gravíssimo problema de infra-estrutura nos bairros da periferia, que não tem asfalto, isso, em uma escala de prioridades, vem na frente. Estou sendo bastante sincero. Podia falar pra você outra coisa, mas não estaria falando a verdade. Nossa prioridade é melhorar principalmente a condição de vida da população que mora em bairros mais distantes, mais carentes, que possivelmente, são pessoas que precisam desse subsídio também.

Em relação ao transporte público, o senhor tem um plano de recuperação das ruas de Bauru. Gostaríamos de saber como esse plano irá funcionar.
C.C.:Esse é o maior desafio do futuro prefeito de Bauru: aumentar a capacidade de investimento em infra-estrutura urbana. A próxima gestão irá depender da capacidade política e de articulação junto ao Governo do Estado e junto ao Governo Federal. Eu, por exemplo, sou do partido do governador de São Paulo, José Serra e mais do que os outros candidatos, terei facilidade pra conseguir verbas do governo do estado para essa finalidade. Além disso, o desafio de gestão do futuro prefeito será o de aumentar a capacidade de investimento, através da canalização de boa parte do orçamento para a questão de infra-estrutura e da cobrança de impostos atrasados, pois temos muitos devedores.

O senhor citou o primeiro emprego. Como seria feita a inserção do jovem no mercado de trabalho em Bauru?
C.C.:Como existe o programa do estado Meu Primeiro Emprego, temos que aproveitar essa base que existe e unir partes, falar com as entidades que representam as empresas e oferecer bolsas de estágios, bolsas de oportunidades, além de criar sites na internet, em que as vagas sejam informadas, para que as pessoas possam ter acesso a essa informação e a iniciativas de aproximação entre o universo onde as vagas existem e daqueles que estão buscando essas vagas.

O senhor, durante sua vida, foi muito ligado aos esportes. Como o senhor acredita que o esporte melhora a qualidade de vida do jovem, e quais as propostas nesse ramo?
C.C.:A responsabilidade do poder público é a de promover o acesso à prática esportiva para população como um todo e de disseminar as possibilidades de acesso à prática esportiva, afinal o esporte só tem coisa positiva. Eu vejo o esporte totalmente conectado com a educação do ser humano.

A TV TEM divulgou que o Senhor possui 46% das intenções de voto. Gostaríamos de saber se o senhor se considera eleito e se essa estatística o deixa confiante.
C.C.:Não me considero eleito mas sem dúvida essa pesquisa tem um impacto muito grande na população. O número é um incentivo para que a gente continue dedicado à campanha. O trabalho tem que ser feito até o último minuto.

Grupo: Júlia Matravolgyi, Mariana Zaia, Renato Sostena e Vivian Lourenço

Entrevistas: Clodoaldo Gazzetta (PV)


“A mudança passa pela vontade de mudar”,afirma Gazzetta

Clodoaldo Armando Gazzetta, 39 anos, é formado em Biologia pela UNESP, foi Secretário do Meio Ambiente de Bauru (1993 a 1996 - Governo Tidei de Lima) e participa ativamente de três ONGs brasileiras: Instituto Socioambiental (1997 a 2001), Fundação SOS Mata Atlântica (2001 a 2005) e Instituto Ambiental Vidágua (2005 a 2008). Fundador do Partido Verde de Bauru, tem como vice o empresário Jú Alvarez. É candidato a prefeito, por esse mesmo partido, sem coligações.

Qual sua opinião em relação à política em Bauru para os jovens? A atual e a que o senhor pretende implantar.
Clodoaldo Gazzetta:Pelo que a gente teve de informação, aqui no município, a respeito da política para jovens, é que ela é muito deficitária, quase inexistente. Eu tenho percorrido grande parte dos bairros da cidade e não tem nada destinado, ou específico, para a questão da juventude. Um dos dados que mais me entristece é que o maior índice de mulheres grávidas no município, 27.5%, é formado por adolescentes de 10 a 20 anos. Então, isso já é um reflexo de que as políticas de saúde e educacionais estão todas erradas, do ponto de vista de melhoria da qualidade de vida dos jovens, de planejamento familiar e de sexualidade. Em nossa proposta de governo, há um eixo maior segmentado em temas. Um desses temas é os jovens, que são um foco de nosso governo. Queremos propiciar não só uma política pública voltada à questão de saúde, mas também à questão do lazer e entretenimento que não existem em Bauru. Temos que lembrar que a juventude das classes média e alta tem a possibilidade de “freqüentar barzinhos”, mas o pessoal da periferia da cidade não tem nada. Eu sei disso porque em todo lugar aonde vou, me param e pedem praças, áreas de lazer, pistas de skate, de bicicleta e, até mesmo, um centro cultural. Além disso, os equipamentos públicos inexistem.

O senhor comentou sobre programa de saúde para jovens. No que se fundamenta esse programa?
C.G.:A idéia é ter alguns centros comunitários pelos bairros, nos quais se realizarão várias atividades bastante ativas, como estudar, através de indicadores, qual a faixa etária dos que moram ali, onde estão localizadas as pessoas que estão mais propensas a se ligarem ao crime, entre outros assuntos. Seria uma política ativa mesmo. Voltado para a questão da saúde, que talvez seja a mais importante delas, eu acho que é importantíssimo que a gente reduza a porcentagem da gravidez das adolescentes. São necessários projetos como planejamento familiar, educação sexual e a integração do jovem no mercado de trabalho. Outra coisa é a questão da criminalidade em Bauru. O número de jovens que migram para o crime tem aumentado. Para ilustrar isso, é só fazer uma comparação: em 1992, quando fui candidato à prefeitura de Bauru, com meus 23 anos, saíamos a pé nas ruas, íamos aos barzinhos, a boates e voltávamos a pé com tranqüilidade. Hoje, se os jovens fazem isso, sofrem grandes riscos, até mesmo o de não voltarem. Durante minha campanha, cheguei a ver no Jaraguá, por exemplo, moças viciadas em pinga que ficam embriagadas o dia inteiro, e se você pergunta a elas porque elas fazem isso, elas te responderão que é porque elas não têm nada a fazer.
Essa questão da saúde é, então, apenas um resultado da falta de atenção para os jovens?
Gazzetta: Eu acho que é uma conseqüência dessa falta de atenção. Quando não se tem nenhuma política voltada para a juventude, a tendência é que você não tenha mais nada. Começa a ter fragmentação da política pública.

Com uma redução de 54% dos eleitores jovens em Bauru, há alguma iniciativa em sua campanha para chamar a atenção dessa faixa etária, não só para votar no senhor, mas para uma maior participação política?
C.G.:Específico, nesta campanha, não. O que a gente está passando é a idéia de que a cidade precisa de uma mudança. Isso é evidente, todo mundo comenta. A mudança passa necessariamente pela vontade de mudar. Quando não se tem a vontade de mudar, acaba se votando por votar. Quando você acredita em uma idéia, não só vota como, também, conscientiza as pessoas a votarem também. Eu tenho falado que eu não quero voto, eu quero que acreditem que é possível mudar através de um projeto diferenciado. Neste próximo domingo (24/08), nós vamos assinar lá na Praça do Barbosa um documento do Partido Verde com o compromisso de instalar no município as ciclovias, atendendo a questão da poluição do ar. Bauru pode ter ciclovias na cidade. O plano diretor do município já aponta as áreas. Pergunto porque não foi feito pelo menos o início de uma política pública para as ciclovias até hoje. Domingo a gente vai assinar esse projeto que prevê 35 km para as ciclovias no município.

Falando um pouco mais sobre transportes, sabe-se que são mais de sete universidades só em Bauru. Em cidades como Botucatu, por exemplo, já existe o passe escolar de ônibus. Por ser tipicamente universitária, deveria existir a meia passagem em Bauru? Ou comprometerá demais a renda para o setor? Como fazer para viabilizar?
C.G.:Isso é vontade política de fazer, porque as passagens de Bauru já são subsidiadas pela prefeitura. Tem linhas de ônibus que são deficitárias e a prefeitura paga o valor das passagens que não foram vendidas. Então, necessariamente, a prefeitura tem que ter uma contrapartida nisso. É uma proposta que eu acho que tem que ser levada em consideração porque as universidades hoje, praticamente, são o coração da cidade. E além de ter uma questão diferenciada para a questão dos universitários, você tem que integrar os universitários na prefeitura. Na época da secretaria, nós abrimos a contratação de doze estagiários. Nós contratamos seis biólogos e seis estudantes de direito. E foi através deste pessoal, que a gente elaborou o código ambiental de Bauru, que foi o primeiro do Brasil.

Sobre a educação não-municipalizada que está no seu plano de governo, poderia explicar um pouco mais sobre ela?
C.G.:O governo do Estado quer passar a responsabilidade para os municípios da educação básica. Ele repassa para o município um valor por aluno e o município assume a responsabilidade. Isso causa uma demissão em massa dos professores que hoje estão na rede estadual. E não é uma vantagem para a prefeitura, já que o valor repassado pelo Estado não é condizente com a demanda financeira necessária. Então, essa não-municipalização é uma retificação, tanto da categoria, quanto da cidade. Se você assume essa bomba, vai acontecer o mesmo que aconteceu com a saúde e sabe-se que é super trágica a situação da saúde de Bauru. Talvez uma das piores que eu tenho visto nos últimos anos. Fiquei sabendo neste sábado passado da história de uma senhora que internou a filha, de 26 anos, com pneumonia. Ela foi junto com a filha às nove da manhã ao hospital. No outro dia, ela foi visitá-la e quando chegou lá, a menina já tinha morrido. É um absurdo a situação da saúde em Bauru.

Nós queríamos falar agora sobre o jovem no mercado de trabalho. Sobre o seu programa “Oportunidade Jovem”. O senhor diz que vai criar mil novos postos de trabalho para esses jovens aprendizes. Como o senhor pretende realizar esse projeto?
C.G.:Eu não vou dizer que é simples, mas, politicamente falando, é fácil de fazer. A prefeitura arrecada o ISS no município. Se diminuir 0,02% desse ISS é possível criar essas mil vagas. É um valor que a empresa pode pagar e não, necessariamente, precisa recolher o valor integral de impostos para o Governo Federal. O que, para a prefeitura, é vantagem, já que qualifica o profissional; principalmente o pessoal com menos recurso, da periferia, que precisa de oportunidade. É uma política pública muito simples de fazer, mas, burocraticamente falando, pode ficar complicado.

Grupo: Gabriel Maia Salgado, Ana Lis Soares Costa e Nara De Stéfani

Entrevistas: José Leme (PHS)


“Eu sou o único candidato com coragem de quebrar o monopólio nessa cidade”, diz Leme

José Leme, candidato do PHS à prefeitura de Bauru, é casado e tem 52 anos. Com formação técnica em Contabilidade Pública Comercial e Administração de Empresas, ele é também radialista profissional, empresário e representante comercial. Foi candidato a deputado federal em 2006 e seu atual slogan de campanha é “Vamos Juntos Construir uma Nova Bauru".

Quais são suas propostas em educação, esporte e lazer? Quais propostas têm relação restrita aos jovens? Como você viabilizaria essas propostas em projetos reais se fosse eleito?
José Leme:No esporte e lazer, nós iríamos incentivar o basquete, o esporte nos bairros, tanto na periferia quanto na classe alta. Vamos incentivar modalidades esportivas e criar formas de Bauru participar de eventos dentro e fora do país. Para isso, conversaremos com grandes empresas, para tentar conseguir patrocínio para as pessoas que querem praticar algum esporte. Com relação à Secretaria de Cultura, nós vamos trabalhar no projeto de tirar o menor abandonado da rua, criando o Centro de Atendimento ao Pequeno Cidadão, onde as crianças abandonadas terão tratamento psicólogo, abrigo. Com relação à educação, nós vamos dar um suporte maior para os professores da área municipal, criando condições de carreira para eles.

Mudando um pouco de assunto, o município tem o direito de optar pela restrição ou não à meia passagem nos transportes públicos para estudantes maiores de 18 anos. Em cidades como Botucatu e Rio Preto, esse direito é concedido. O senhor tem algum plano para mudar essa medida municipal, considerando que Bauru é uma cidade com grande número de universitários, com nove instituições de ensino superior?
J.L.:Sim, eu pretendo apoiar os jovens. Para mim, isso seria mais que uma obrigação, porque o jovem é o futuro do país.

Mas aí a prefeitura não iria contra os interesses empresariais, já que possui três empresas de transporte urbano na cidade?
J.L.:Nós vamos conversar com essas empresas, já que não vai depender totalmente do prefeito. Nós vamos conversar também com os estudantes numa reunião ou numa determinada audiência pública, para cobrar dos vereadores a aprovação desse projeto. Se estiver dentro da lei e vocês tiverem todos esses direitos, se a justiça determinar, nós vamos incentivar esse projeto de desconto na passagem dos alunos.

Como inserir o jovem no mercado de trabalho?
J.L.:O jovem pode ser inserido de duas formas: alguns querem se formar e seguir carreira em cargos públicos, já outros desejam se profissionalizar e abrir o próprio negócio. O incentivo aos jovens deve ser não só em trazer emprego para a nossa cidade, mas também em profissionalizá-los. Teremos que fazer uma parceria com o Senac, o Senai, porque ninguém governa uma cidade sozinho, é preciso a colaboração e a união de todos para que nós possamos realizar um excelente trabalho e direcionar os jovens para o futuro.

O senhor afirmou que vai reduzir o IPTU em 30%. Essa proposta não iria prejudicar o orçamento da prefeitura?
J.L.:Não. Nós arrecadaríamos mais, da seguinte forma: já que muitos não estão pagando mais o IPTU, a redução nos impostos evidentemente incentivaria as pessoas a pagarem. O imposto seria abaixado na periferia, para aqueles que estão devendo; a pessoa que quer pagar o IPTU, sentindo que ele abaixou, vai procurar quitar seus compromissos e a receita não será diminuída, mas aumentada. Para aqueles que estiverem muito atrasados, além de dar o desconto, ainda parcelaremos a dívida. É melhor assim que processos de cobrança no judiciário.

No horário eleitoral gratuito veiculado na TV, o senhor afirmou ser o candidato da mudança. Qual seria então a sua principal proposta de mudança na realidade do jovem de Bauru?
J.L.:A mudança seria incentivar cursos profissionalizantes para os jovens, incentivar os alunos da faculdade, recebê-los em meu gabinete, além de incentivar a industrialização de Bauru. Nenhum outro candidato tem coragem de falar de industrialização porque eles têm compromisso com alguns empresários que não gostam que venham empresas a Bauru. Se uma nova empresa de tecnologia se instala na cidade e começa a pagar mais, a oferta de mão-de-obra diminui e a média de salários aumenta. Ninguém gosta que seu funcionário peça demissão e vá ganhar mais em outro emprego. Bauru tem que quebrar esse monopólio, como Sorocaba, Limeira e Rio Preto quebraram. Quem administra estas cidades hoje é o prefeito e não os empresários. Tentarei atrair empresas de tecnologia de ponta, oferecendo benefícios como terrenos e incentivo fiscal.

E o senhor tem alguma proposta em relação ao meio ambiente?
J.L.:Tenho. Antes de cobrar das empresas a preservação do meio ambiente, é necessário que a prefeitura dê o exemplo, tratando o esgoto, plantando árvores e acertando os rios. Dessa forma, as empresas que aqui se instalarem também terão essa responsabilidade.

Pra finalizar, qual característica o senhor acredita ter que o diferencia dos demais candidatos? Por que o jovem deve optar pelo senhor?
J.L.: O jovem deve optar por mim porque sou um cidadão bauruense há 27 anos e sei das necessidades de Bauru. O jovem deve optar por mim pela coragem que eu tenho para governar essa cidade. Eu sou o único candidato com coragem de quebrar o monopólio nessa cidade. Tenho visão de presente e de futuro. Temos que preparar Bauru para o futuro e não para o imediato.

Grupo: Ana Carolina L. Chica, Beatriz Albuquerque e Castro, Carolina Firmino e Maria Carolina Vieira

Entrevistas: Márcia Camargo (Psol/PSTU)


“O jovem tem que se ver representado na política de alguma forma”, diz Márcia

Márcia Camargo é a única candidata de um partido socialista a concorrer à prefeitura de Bauru, em 2008. Ela disputa as eleições pelo PSOL, na coligação “Frente de Esquerda Socialista PSOL/PSTU”. Márcia tem 38 anos, é casada com Saulo Rodrigues e não tem filhos. Docente com formação em Artes, atua no Sindicato dos Professores da Rede Estadual. Essa é a primeira vez que disputa uma eleição e seu vice é Paulo Sérgio Martins. A candidata concedeu essa entrevista enquanto conversava com eleitores nas ruas do centro da cidade.

Quais são suas intenções em relação aos jovens?
Márcia Camargo: Quanto às casas de cultura, nosso programa para os jovens visa a criação delas nos bairros. Cada região vai ter a sua casa de cultura e vamos criar os conselhos populares deliberativos, nos quais todas as pessoas vão poder participar. Os jovens vão elencar as prioridades deles em diversas áreas, inclusive na cultura. Também vamos lutar pelo passe livre para os estudantes e pela adaptação das praças em áreas de lazer. Por exemplo, nas casas de cultura, nós vamos cadastrar os artistas de cada bairro para que eles se apresentem e façam oficinas em outras casas. Haverá uma espécie de intercâmbio entre os bairros. Quanto aos esportes, há uma demanda muito grande para esportes alternativos, como o skate. Então nós queremos adaptar praças com lugares para esse tipo de prática e para a parte artística. Para que os jovens, nesses ambientes, possam se expressar, através da grafitagem e de shows. Através do passe livre, vamos marcar uma concentração nos finais de semana e, com rodízios entre as casas de cultura, promover uma reunião entre os jovens, para dar uma alegrada na cidade.

Como os jovens teriam espaço nos conselhos populares deliberativos?
M.C.:Vamos pegar dois exemplos: um bairro como Santa Edwiges, que não tem nem pavimentação nas ruas. Quais serão as prioridades dos jovens que moram nesse bairro? Ainda não sabemos, mas provavelmente eles vão querer lazer. Não algo relacionado com cultura erudita, mas podemos levar as casas de cultura. Quem vai dizer como a casa vai funcionar é o jovem de lá. Um exemplo um pouco diferente seria a Vila Universitária. O ideal seria que houvesse um intercâmbio entre os jovens desses bairros, que são muito diferentes entre si, através de um rodízio. O passe livre para os estudantes nesse caso, ajudaria a concentrar o público, até mesmo para apresentações.

O passe livre atingiria todos os estudantes ou só os menores de dezoito?
M.C.:O passe livre atingiria a todos os estudantes, independente da faixa etária.

A senhora acha que há algum meio de atrair os jovens entre 16 e 17 anos que possuem o voto facultativo a votar?
M.C.:Eu acho que o jovem tem que primeiro se ver representado na política de alguma forma. Muitos candidatos falam mais da questão econômica e deixam de lado a cultura e o estudo. Sou professora de Educação Artística do ensino fundamental e médio e gostaria que Bauru sediasse um evento cultural de nível internacional como tem em Rio Preto. Gostaria também que a cidade fosse referência em literatura, já que temos diversas universidades e muita produção e temos também muita gente que faz documentários. Nesse sentido, gostaria de fazer com Bauru um evento nacional. Não penso num turismo mais comercial, como a festa do peão, porque isso já acontece, a iniciativa privada já tem. Acho que o governo tem que socializar e promover eventos culturais, trazer pessoal musical, por exemplo. Aqui em Bauru tem muita coisa, mas é tudo muito disperso, percebemos que nada tem um apoio do governo. As empresas privadas promovem essas feiras e isso vai continuar, mas o estado tem que dar uma força e promover eventos culturais.

Qual sua opinião em relação às políticas públicas para jovens existentes hoje em dia?
M.C.:Eu acho que não há política pública, uma política séria. O governo atual está comprometido muito com o pagamento da dívida da cidade. Se faltou até para o serviço básico, então, não tem pra cultura. Teve a virada cultural que é uma questão do estado, mas o município não tem. Isso veio diminuindo. A questão do carnaval, por exemplo. Na periferia tem gente que toca samba e samba de raiz muito bom. Era uma coisa que tinha mais, hoje as escolas de samba desfilam no bairro. Antes as outras cidades vinham assistir e é ridículo, quiseram cobrar dois reais no Sambódromo e o pessoal “chiou”.

A senhora possui alguma proposta em relação ao primeiro emprego?
M.C.:Nós vamos criar as frentes de trabalho, que seria uma medida mais imediata para as pessoas que estão desempregadas. A prefeitura é quem vai desalavancar o desenvolvimento da região. Não é o setor privado, nós vamos investir no setor público. Vamos ampliar o quadro de funcionários, queremos fazer parcerias com as universidades para fazer estágio dentro da prefeitura. Não há algo direcionado para o primeiro emprego, mas vamos criar oportunidade como um todo, principalmente para o pessoal mais carente. Queremos regularizar melhor a situação do trabalho informal e do ambulante que também não tem nada que garanta. As nossas propostas são em nível mais classista, nós vamos dar preferência para as pessoas que não têm nenhuma oportunidade, não é nem a questão de ser a primeira, mas a de não ter nenhuma. A gente acredita que com isso a cidade se desenvolve e cria oportunidade como essa, de primeiro, segundo emprego e emprego para toda vida. A frente de trabalho vai ser em caráter de emergência, não vai precisar fazer concurso. Por exemplo, a população dos conselhos populares elencou que em determinado bairro precisa de limpeza de terrenos, então criamos uma frente de trabalho para sanar aquele problema. As pessoas recebem pelo serviço e numa outra demanda, num outro bairro, cria-se outra frente. Esta é uma forma de amenizar, porque para colocar o programa em funcionamento demora um pouco.

O que a senhora a acha do IPTU progressivo?
M.C.:É garantido por lei. Quem tem uma casa maior, paga impostos mais altos. Mesmo assim, somos da opinião que os ricos têm muitas opções, desfrutam mais oportunidades culturais da cidade. Assim, podem ir ao SESC ou ao Alameda quando há um evento cultural, o que aumenta a qualidade de vida dessas pessoas. O IPTU é garantido tanto pela Constituição quanto pelo estatuto da cidade. Há um estudo que comprova que o IPTU proporcional pesa mais e fica mais caro para o pobre. Com o IPTU progressivo, quem tem um terreno ou casa menor, paga menos imposto, pode até ficar isento. Isso ajuda a incrementar a renda do trabalhador, diminuindo seus gastos.

E a auditoria das dívidas públicas como prestação de contas à comunidade?
M.C.:Julgo que é um lugar onde é escoado muito dinheiro e sabemos que não existe transparência em relação a esse capital. As auditorias serão feitas juntamente com esses conselhos populares deliberativos. Assim, a população saberá quanto devemos, para quem devemos e como pagaremos. Não posso decretar moratória, pois dessa forma não haveria repasse de impostos. A cidade arrecada principalmente através do repasse de impostos. Isso é bem desigual, muitos dos impostos que são arrecadados aqui vão para o estado e para o governo. Só voltam 25% para cá. Essa é outra questão que queremos manter constantemente em discussão com a população. Queremos transparência em relação à dívida por que ela não é do prefeito, é da população, e o dinheiro usado para pagá-la é público.

Sabemos que a senhora foi militante do movimento estudantil. Hoje em dia, percebe-se que não há tanto engajamento dos jovens, tanta participação política. Qual sua opinião sobre isso?
M.C.:Acho que vivemos num momento de completa desmobilização da sociedade, o caráter neoliberal e individualista é que dá o tom a partir do qual a sociedade se organiza. Em algumas faculdades, as matérias são organizadas por créditos, o que inviabiliza que as pessoas se conheçam, partilhem idéias. A gente credita muito essa desmobilização ao modelo econômico em que vivemos. O modo como organizamos nossa vida diante do nosso trabalho, diante de como vamos gerar economia, vai determinar a maneira como vamos nos organizar socialmente. Vivemos num mundo muito competitivo, diante de um modelo capitalista excludente. Isso é muito visto nos movimentos de greve, onde as pessoas entendem que não podem se mobilizar por uma causa pois dependem muito dos salários que recebem. Percebemos essa desmobilização como um fenômeno da idade contemporânea. Acho que isso reflete na formação que temos desde a escola, de não nos organizarmos. E é isso que vamos fazer com o trabalho de assistência social. Vamos reintegrar as pessoas que procuram esses assistentes, além de dar a elas uma formação política. Não pretendemos promover uma formação político-partidária, e sim fazer com que as pessoas entendam o contexto em que vivem, além de conhecer seus direitos trabalhistas e brigar por eles. Assim, o trabalhador voltará como um profissional muito mais consciente de seu papel político. Acho que hoje falta, nas escolas, na TV, na sociedade como um todo, uma discussão sobre política.

Grupo: Júlia Matravolgyi, Mariana Zaia, Renato Sostena e Vivian Lourenço

Entrevistas: Rodrigo Agostinho (PMDB)


“Eu tenho como compromisso lutar pela juventude”, afirma Rodrigo Agostinho

Rodrigo Agostinho (PMDB), 31 anos, formado em direito pela ITE –Bauru, começou sua carreira política muito jovem. Desde o início da década de noventa, atua em causas ambientais, participando de diversas ONG’s e prestando serviços à ONU no Panamá e na África do Sul. Foi eleito vereador em Bauru em 2000 e reeleito em 2004, tendo sido o candidato mais votado na história da cidade. Atualmente, é o candidato a prefeito mais jovem. Ele concorre às eleições municipais pela coligação ‘’Bauru de Todos’’ e tem como vice a petista Estela Almagro.

Quais são suas propostas para educação, esporte e lazer? Quais as propostas que têm relação restrita aos jovens?
Rodrigo Agostinho : No caso da educação, em primeiro lugar, vamos trabalhar com os servidores da educação, que são os professores, e fazer todo um trabalho de valorização do profissional que atua na área da educação. Então a idéia é mandar para a Câmara, logo no início do ano, um novo Estatuto do Magistério, que é um plano de carreira, para que os professores sintam-se estimulados a continuar atuando nessa área. Hoje, um dos maiores déficits é que você não encontra professores e eles não são estimulados a atuar na carreira. Uma outra ação é inserir de uma maneira mais forte, na educação, aulas de música, dança, teatro, esportes. Não como é hoje: a cultura vista como educação artística e o esporte como educação física. Ao município cabe o ensino básico, mas eu entendo também que o prefeito tem um papel muito grande de poder negociar com o Estado a melhoria do ensino estadual. Pretendemos atuar de maneira mais abrangente, entendendo a educação não como educação municipal ou educação do Estado, mas como sistema de educação, de maneira mais integrada.
Para os esportes, nós queremos fazer algumas ações no sentido de primeiro recuperar os equipamentos que estão sucateados, que é o caso da academia de ginástica olímpica e da piscina pública. Outra ação é no sentido de criar em alguns espaços públicos equipamentos esportivos para os jovens, como pistas de skate, que Bauru não tem nenhuma, e pequenas quadrinhas de esportes. Uma alternativa, já que estamos com os partidos que dão sustentação ao Governo Federal, é criar um cursinho preparatório para o vestibular para alunos de baixa renda, porque hoje o Estado oferece o Ensino Médio, só que se o aluno quer entrar numa faculdade e precisa fazer cursinho ele tem que pagar. Hoje existem vagas nas escolas particulares para alunos de baixa renda através do Prouni, mas às vezes eles não conseguem acessar a faculdade por causa dos vestibulares.

Existe alguma proposta para a inserção dos jovens no mercado de trabalho?
R.A.:Temos uma estratégia bem forte na área de desenvolvimento econômico que melhoraria a arrecadação do município. Montaremos um posto de atendimento ao empreendedor e neste posto ofereceremos às empresas que querem investir em Bauru o currículo dos jovens, que vão estar à disposição para serem inseridos no mercado de trabalho. A idéia é facilitar tanto para o jovem que procura emprego quanto para as empresas que estão vindo se instalar na cidade, para facilitar a burocracia e o acesso dela ao jovem que está à disposição no mercado. Além do que, a própria prefeitura pode aproveitar muitos jovens como estagiários, garantindo um melhor currículo a eles.

Desde muito jovem, o senhor foi bastante ativo em relação às causas ambientais. Existe algum projeto que concilie políticas públicas voltadas para o jovem com educação ambiental?
R.A.:Sim, procuramos um desenvolvimento que seja socialmente justo, economicamente viável, mas que também seja ambientalmente correto. Pra isso é muito importante a educação ambiental, assim não teremos uma cidade muito suja, evitando problemas com a saúde pública, com a questão da dengue, da leishimaniose. Nós temos vários problemas ambientais, como a falta de tratamento de esgoto, a escassez de recursos hídricos, o problema do lixo e do aterro sanitário. Existem ainda loteamentos surgindo em Bauru, muitos em áreas de mata, como é o caso da mata em frente a UNESP. Educação ambiental é pensar nisso, como forma de fazer com que as pessoas passem a se preocupar um pouquinho mais com a causa ambiental, a refletir sobre o ambiente em que elas vivem, atuando como um processo de mudança de comportamento.

O senhor começou sua carreira muito cedo: aos 14 anos participou da ECO92, como voluntário de ONG’S, e em 2000 foi o vereador eleito mais jovem de Bauru. O senhor se considera um exemplo para os jovens?
R.A.:Realmente eu comecei a trabalhar muito cedo. Logo com 14, 15 anos eu comecei a me envolver com instituições na área de meio ambiente, a fazer estágios, a atuar como militante; e com 18 anos fui candidato a vereador pela primeira vez, fui eleito depois com 22 e trabalhei em várias instituições. Já fui atuar junto à ONU no Panamá, na África do Sul. Eu acho sim que posso servir como exemplo, mas sou suspeito para falar. Eu gostaria que existissem outras oportunidades para os jovens que estão aí. Acho que eu tive muita sorte de ter encontrado pessoas que me apoiaram, acreditaram nas minhas idéias, naquilo que eu tentei buscar. Eu sei que muito jovem também quer se engajar, se envolver com alguma causa. Então o poder público tem esse grande desafio de também ajudar a criar essas oportunidades. Eu acho que na política existe um espaço, mas é um grande desafio. O jovem tem que encarar a política como instrumento para poder transformar o mundo, e não apenas avaliar a política como um ambiente de corrupção, de conchavo, de sacanagem, porque também existe muita gente séria envolvida.

Em recente pesquisa do instituto Vox Populi, 52% dos eleitores brasileiros afirmaram não confiar em uma eleição limpa e 82% não acreditam que os políticos irão cumprir as promessas feitas em campanha depois de eleitos. Em sua opinião, quais os motivos desta opinião pública tão negativa em relação aos políticos? O senhor acha que o desinteresse dos jovens por política é relacionado a isto?
R.A.:Nós passamos por um período muito difícil de ditadura militar, seguida de um processo de redemocratização, quando as pessoas passaram a ter acesso à informação que não tinham antes. A qualquer momento podem surgir denúncias e a população começa a ficar descrente de tudo na política. Só que, todos nós, inclusive os políticos, somos governados por alguém. E precisamos ter bons representantes, em todas as esferas: no executivo, no legislativo e no judiciário. Então a população tem que aproveitar o momento que surge de quatro em quatro anos para decidir bem, avaliar as opções que tem. Ao jovem, acho que falta muita educação política e preparação da própria escola, que se preocupa com determinadas e não prepara o jovem para entender como o mundo funciona politicamente. Existe um conjunto de fatores que leva a essa descrença generalizada, porque está muito difícil fazer política, fazer campanha, a população não está disposta a ouvir, não quer nem saber, e isso é muito ruim.

Como o senhor acha que pode mudar esse quadro?

R.A.:Pode mudar com o bom exemplo de governantes que saibam fazer a diferença. Bauru vive uma crise política que se arrasta por mais de quinze anos. Seja qual prefeito vier a ganhar essa eleição, é um grande desafio mostrar que é possível fazer as coisas de uma maneira diferente, de maneira mais participativa, mais democrática, mais transparente, com maior eficiência, dentro da legalidade, respeitando as outras instituições, no caso do Legislativo, sabendo ouvir a população, implantando, por exemplo, o orçamento participativo.

Você deixou em aberto a criação de escolas experimentais. Sendo ambientalista, você não possui interesse de desenvolver um projeto de escola sustentável como existe em outras cidades do Brasil?
R.A.:Eu acho complicado criarmos projetos educacionais diferenciados na situação atual. Uma questão que eu tenho colocado muito é por que o ensino público tem que ser pior do que o privado? As pessoas acham que gasta-se pouco, na verdade gasta-se mal. Para o ano que vem, a prefeitura estima, para 20.500 alunos no ensino municipal, gastar 80 milhões de reais. É um grande desafio melhorarmos a eficiência do sistema de educação: com salas-ambientes, com recursos audiovisuais, ensinar desde cedo aos jovens um idioma, computação...

Entre uma de suas propostas está a possibilidade de trazer uma Universidade Federal para Bauru. Quais seriam as vantagens?
R.A.:Já que estamos com os partidos aliados ao governo federal, trazer mais uma universidade é um ganho a mais para o município. Você tem a Universidade Federal em São Carlos que está transformando a cidade num grande pólo de tecnologia. Bauru tem hoje escassez do curso de Medicina, Engenharia Agronômica, Veterinária. A idéia seria atrair mais cursos. Já que Bauru é um pólo estudantil, por que a gente não pode aproveitar?

Sabemos que o município tem o direito de optar ou não pelo desconto no passe do transporte público para estudantes maiores de 18 anos, assim acontece em cidades como São José do Rio Preto e Botucatu. Existe algum projeto para implantar essa medida aqui em Bauru, já que é uma cidade com um grande número de universitários?
R.A.:A idéia é de que possamos estender esse direito, só que a prefeitura teria que arcar com essas despesas. O ano que vem vence uma das licitações em contrato e a intenção é que já esteja incluído no edital dessa licitação que a empresa operante vai ter que dar obrigatoriamente esse desconto para estudantes acima de 18 anos. É um valor que é possível a prefeitura arcar atualmente. Uma outra mudança prevista é a questão do preço da tarifa integrada, além de investir em calçadas e nas ciclovias.

Houve uma redução de 54% de eleitores de 16 e 17 anos (idade em que o voto é facultativo) para as eleições deste ano em relação ao ano 2000. Foram apontados como motivos, a falta de discussão política no ensino médio e o histórico recente de escândalos e cassações, especificamente, na política bauruense. Quais são suas propostas para levar o eleitorado jovem às urnas nas próximas eleições?
R.A.:É muito difícil porque o momento dos jovens poderem tirar o título já foi. Queremos mobilizar a juventude e mostrar que existem bons candidatos, incentivá-la a prestar atenção no horário político, nas propostas apresentadas pela imprensa. O jovem também precisa de políticas nas mais diferentes áreas, seja educação, esporte, lazer, cultura, assistência através do transporte, assistência social, saúde. Quando eu comecei a campanha há um mês, a maioria dos jovens não sabia nem que teriam eleições esse ano, e nós estamos há 45 dias da eleição! Então o jovem tem que se informar e a escola tem um grande papel nisso. Teremos que estudar porque a escola deixou de ter esse lado no papel de formação política.

Para finalizar, no horário eleitoral você tem falado muito sobre compromisso. Qual seria o seu compromisso com os jovens?
R.A.:A idéia que venho explorando na questão do compromisso é que não adianta o candidato fazer um monte de promessa, sendo que ele pode não conseguir cumprir. Mesmo se tiver boa vontade, pode-se esbarrar numa série de dificuldades. Às vezes a Câmara pode não autorizar ou o orçamento pode não ser suficiente para executar todas as obras. Então, o político também tem que ter a coragem de dizer ao povo: “Vou trabalhar muito por isso, espero conseguir fazer, pode ser que eu não consiga, mas eu vou me esforçar ao máximo”! Eu tenho como compromisso lutar pela juventude, pela educação, tem uma série de projetos que eu quero poder executar, mas isso é diferente de promessa. Muita gente pergunta, será que você vai conseguir? Mas existe uma série de dificuldades, o governante hoje presta contas ao Ministério Público do Estado, ao Tribunal de Contas do Estado, ao Ministério Público Federal, ao Tribunal de Contas da União, à Corregedoria da União, para a Câmara Municipal. Está todo mundo cansado de promessa, porque chega a eleição, um monte de gente promete um monte de coisa e depois acaba não fazendo. A intenção é ter uma política clara para o jovem, fazer uma conferência de jovens... Nós tivemos uma primeira o ano passado, onde começou a ser construída uma política para a juventude, criando um conselho municipal da juventude, fazendo exatamente o que eles querem, levando shows, musicais, eventos para os bairros, tendo uma agenda de eventos, criando projetos culturais, educacionais, investindo em dança, música, teatro, esporte, enfim criando oportunidades. Investir na questão do primeiro emprego, de poder orientar os jovens também a como procurar um emprego, como servir de canal. Então a administração pública tem que ter esse compromisso.

Grupo: Ana Carolina Chica, Beatriz Albuquerque e Castro, Carolina Firmino, Maria Carolina Vieira e Mami

Entrevistas: Rosa Izzo (PDT)


“De porta em porta”,afirma Rosa

Rosa Izzo, 55 anos, é professora e casada com o ex-prefeito de Bauru, Antônio Izzo Filho. Nunca exerceu nenhum cargo político. É candidata a prefeita pelo PDT e tem como vice Antônio Carlos Barbosa (ex-treinador da Seleção Brasileira feminina de basquete). Eles são candidatos pela coligação que une PDT com PTB, PSL, PMN, PRB e PRTB.


Nossas entrevistas com os candidatos estão sendo focadas na política pública para jovens. Qual sua opinião em relação a essa política em Bauru? As condições da atual e da que a senhora pretende implantar?
Rosa Izzo: A atual eu não sei como está, mas a nossa idéia é realmente trabalhar com os jovens. Acho importante dar condições aos adolescentes da periferia, fazer uma “horizontalização” com secretarias como a de cultura, esporte e lazer. Um projeto de nossa campanha é fazer quadras poliesportivas e quadras de skate. Outra coisa legal é trabalhar o teatro com os jovens. Acho que devemos fazer um lugar, como a Casa dos Jovens, para adolescentes com problemas relacionados a drogas, que eram tratados com orientações médicas e psicológicas. Os resultados disso podem ser efetivos. Nós falamos em seguranças, sempre pensando em policiais e repressão, mas não é só isso. Segurança pode ser de médio a longo prazo. Assim como é quando trabalhamos com jovens, dando oportunidades para expressarem o que sentem e pensam, oportunidade para praticarem esportes e oportunidade para irem à escola. Eu acho que é por aí que nós vamos resolver esse problema do jovem, da violência e das drogas. Não vamos acertar tudo, mas tenho certeza que iremos amenizar.

Segundo pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o desemprego entre jovens de 15 a 24 anos é 3,5 vezes maior do que entre os trabalhadores considerados adultos, com mais de 24 anos. A senhora possui algum projeto para inserir os jovens no mercado de trabalho?
R.I.:O nosso projeto para geração de emprego na cidade é lutar novamente para abrir a Secretária da Indústria e Comércio em Bauru, pensamos também em trazer grandes indústrias para cá. Mas, ainda existem no nosso distrito industrial falhas, como a falta de asfaltamento e de esgoto. Então, temos que resolver essas falhas, para, assim, atrairmos essas indústrias a Bauru. Uma coisa que faremos, será um convênio com as universidades e com os cursos técnicos para dar cursos de qualificação aos jovens, tornando-os aptos a trabalhar nas indústrias.

A senhora afirmou que apenas se candidataria caso o PDT aceitasse Antonio Carlos Barbosa como seu vice. Por que essa exigência?
R.I.:Nós não temos um foco único. Estamos abrangendo tudo, desde obras de asfaltamento até questões sociais e de saúde. Falando nisso, a saúde é nossa prioridade, já que sua situação atualmente é caótica. O Barbosa não ajudará apenas nesta área, sua figura e o que ele representa para o Brasil ajudarão muito e em diversas ocasiões. A sua imagem ajudará, por exemplo, na conquista de verbas para a cidade.

A senhora declarou que o foco da sua campanha será a periferia da cidade, destacando prioridades nas áreas de saúde e educação. Quais seriam as principais e mais urgentes medidas a serem tomadas para melhorar essas áreas?
R.I.:A maior reclamação que encontramos nos bairros mais afastados é a saúde. Depois é o asfaltamento e, em terceiro lugar, as creches. Na saúde, mudaremos esse modelo atual, descentralizando-o. Iremos reabrir os pronto-atendimentos em quatro pontos da cidade. Eles terão sala de recuperação, ambulâncias, médicos e enfermeiros. Vamos estabelecer o cartão municipal da saúde para os moradores de Bauru para agilizar exames e disponibilizar remédios nesses postos. Iremos informatizar a saúde para que se tenha um controle sobre as pessoas que freqüentam os postos públicos de saúde. Também vamos abrir mais um PAI (pronto atendimento infantil) em uma área de maior demanda. Na questão do asfaltamento, pretendemos fazer um milhão de metros quadrados de asfalto nos quatro anos de governo. E, é importante lembrar, que esse asfaltamento seria gratuito, já que para a prefeitura sai mais barato, cerca de 8 reais o metro de asfalto. Já para se asfaltar uma DR, o preço do metro sai por 24 reais. Em relação às creches, construiremos algumas nos bairros com maior necessidade.

Especificando a questão do transporte atrelado ao jovem, sabe-se que são mais de sete universidades só em Bauru. Em cidades como Botucatu, por exemplo, já existe o passe escolar de ônibus. Por ser tipicamente universitária, deveria existir a meia passagem em Bauru? Ou comprometerá demais a renda para o setor? Como fazer para viabilizar?
R.I.:Eu acho que é viável. Na hora de fazer a licitação deve-se conversar com os donos das empresas, ou até mesmo os próprios vereadores poderiam fazer uma lei nesse sentido.

Mas a senhora tem algum projeto na sua plataforma?
R.I.:Não. As licitações com as empresas já foram feitas e não tem como mudar os acordos agora. Mas seria um dos itens a acrescentar para algumas licitações de ônibus que vão vencer agora no começo do ano.

Com uma redução de 54% dos eleitores jovens em Bauru, tem alguma iniciativa da sua campanha voltada para chamar a atenção dos jovens não só para votar na senhora, mas para uma maior participação política?
R.I.:Eu acho que o jovem deve participar da política. Essa participação representa a cidadania em amadurecimento, mas às vezes eles não se informam direito e muitos são levados pelo o que os outros dizem. Acho que eles devem participar mais ativamente, não importa para qual lado que ele vá, mas apenas que ele procure a verdade.

A senhora declarou que o papel de Izzo Filho no seu governo, se eleita, será fundamental. Qual será esse papel e de que forma seu marido iria atuar?
R.I.:O Izzo foi o último prefeito que fez obras e que cuidou dos bairros em Bauru. Ele tem uma experiência muito grande em administração e, assim, ele vai me orientar nas coisas e nos lugares certos. Ele errou na segunda administração e admite isso. Ele deu a palavra com o pessoal que tinha ajudado na campanha, cumpriu com a palavra dada, e aconteceu o que aconteceu. Mas não precisava chegar ao extremo que chegaram, mas tudo bem, para gente é passado.

O seu marido foi condenado e sofreu várias acusações. A senhora não acha que essa sua declaração sobre o papel fundamental que seu marido terá no seu governo pode prejudicá-la?
R.I.:Eu acho que não, porque, por exemplo, depois os quatro anos e meio que ele ficou preso ele ganhou e no final foi absolvido. Tem muita gente que não sabe disso porque a mídia não divulgou, mas ele ganhou no Supremo Tribunal Federal. Ele assumiu coisas que ele não fez, ele foi homem, ficou quieto, agüentou tudo, não acusou ninguém, não dedurou ninguém. E ninguém o viu fazendo nada. Agora eu também quero deixar uma pergunta: Nos últimos governos que vieram não houve nada de errado? Carne que estragou, notas frias, dinheiro em conta de ex-secretário? Agora andando pelos bairros, conversando olho no olho com a população dá para ver o carinho que ela tem por Izzo. A população tem que saber que o Izzo não foi só prefeito, mas também foi professor durante quase 30 anos, e que fez bastante pela cidade, tratando o povo com respeito e carinho.

A senhora está usando uma estratégia nova de ir de casa em casa. Como a senhora avalia essa estratégia para a campanha, comparando com a dos outros candidatos?
R.I.:Nós estamos fazendo reuniões nas casas da cidade, falando às pessoas com o coração. E não importa quantas pessoas estejam presentes. Nós fazemos andanças nos bairros e batemos de casa em casa, pois a nossa coligação é pequena em relação às outras coligações; temos 27 vereadores, enquanto eles têm mais de 100. Ao contrário do que andam falando, não vou governar só porque Izzo, meu marido, está preso, ou até mesmo, que não vou conseguir porque vou ser cassada. Por isso, andamos nos bairros, vamos de casa em casa, para poder mostrar que sou candidata sim, e sou candidata para trabalhar para o povo e com o povo.

Grupo: Gabriel Maia Salgado, Ana Lis Soares Costa e Nara De Stéfani
Entrevistador: Rôney Rodrigues

Fala Jovem - Japão

Lá e Cá

Hikaru Kayama, 20 anos, estudante japonês de Cultura Internacional – Língua Portuguesa, está no Brasil realizando intercâmbio na Unesp de Bauru.
No Japão, as eleições municipais também ocorrem a cada quatro anos, o voto é facultativo tem início aos 20 anos. Dessa forma, Hikaru nunca votou. Segundo ele, os jovens japoneses não possuem interesse em política e aproximadamente 50% da população vai às urnas. Hikaru acredita que as pessoas têm que votar e acha bom o fato do voto ser obrigatório a partir dos 18 anos no Brasil.

Fala Jovem - Escolha

Como você escolhe o seu candidato?

"Procuro conhecer seu passado político e analisar suas propostas."
Marcos Vinicius Perassoli Camargo, 17 anos, estudante do 3º colegial

"Primeiro, ele não pode prometer algo, de forma alguma! Deve apresentar suas idéias e propostas, tem que procurar ser o mais sério e honesto possível, ter uma equipe também séria e honesta e disposta a trabalhar pela melhoria da cidade. O candidato também não deve nunca pedir voto."
Emely Ingrid Leite, 18 anos, estudante do 3º colegial

"Eu escolho os que ainda não passaram pela administração de Bauru, porque por enquanto não teve um (candidato) nota dez. Então eu acho necessário sempre renovar; os que trazem uma proposta menos absurda, já que tem gente que quer resolver os problemas de Bauru em quatro anos."
Amanda Shinzato,18 anos, estudante de Biologia

"Eu escolho meus candidatos da seguinte maneira: eu avalio a proposta e o que ele está desenvolvendo, sua reputação, o que ele já fez por Bauru e se ele já se candidatou ou não. Mas, para mim, o mais importante é o caráter da pessoa."
Luiz André Tavares da Silva, 22 anos, estudante de Química

"Eu procuro assistir às campanhas eleitorais e comprei o Jornal da Cidade para ver as propostas dos candidatos."
Ana Helena Fabro Dias Ribas, 19 anos, estudante de Jornalismo

"Pra escolher meu candidato eu olho as propostas, o que ele quer e pretende fazer, se não são coisas muito absurdas, que é obvio que não vão ser feitas. Também vejo o histórico dele, se ele tem faculdade, onde se formou, qual a sua história de vida; tudo isso reflete em como ele vai ser."
Paula Cristina Benetton Vergílio, 19 anos, estudante de Biologia

Fala Jovem - Carências

O que você acha que falta para o jovem de Bauru?

"Faltam investimentos em esportes e cultura, como meia-entrada em eventos culturais e passagem de ônibus. Acho também que esse direito à meia-entrada deveria se estender até o final da faculdade."
Marcos Vinicius Perassoli Camargo, 17 anos, estudante do 3º colegial

"Tudo! O ensino público está ruim, temos jovens em comunidades carentes se voltando para o crime... Bauru precisa de um político realmente honesto, disposto a melhorar e crescer com a cidade."
Emely Ingrid Leite, 18 anos, estudante do 3º colegial

"Acho que falta lazer, entretenimento; apesar de termos o teatro, o anfiteatro, eles não têm programação, não tem coisas culturais para fazer."
Amanda,18 anos, estudante de biologia

"Eu acho que ainda faltam oportunidades e incentivos de emprego e mais lazer. Vejo isso como essencial."
Luiz André Tavares da Silva, 22 anos, estudante de Química

"Eu acho que falta maior incentivo à cultura, como todos sabem. A secretaria da cultura de Bauru, por exemplo, já fez muita coisa boa como o centro cultural e a biblioteca, que tem muito acervo que não é divulgado. Para os jovens, faltam entretenimento e lazer gratuitos. Não que precise ser um rock no Vitória Régia, pode ser um balé aberto ao público. Fora isso, a educação que é essencial."
Ana Helena Fabro Dias Ribas, 19 anos, estudante de Jornalismo

"Falta bastante coisa. O jovem não tem apoio nenhum, parece que não se importam com o fato de que um dia ele vai governar o país, a cidade. Falta também pensar na cultura, na educação."
Paula, 19 anos, estudante de Biologia

Bastidores clodoaldo Gazzetta e Rosa Izzo

Grupo: Gabriel Maia Salgado, Ana Lis Soares Costa e Nara De Stéfani

Clodoaldo Gazzeta

Ligações. Várias ligações e a entrevista foi, finalmente, marcada. Como em todo período de campanha política, Clodoaldo Gazzetta é um candidato a prefeito com a agenda cheia de reuniões, debates, entrevistas, visitas... Mas nada disso o impediu de nos ceder um tempinho para um bate-papo de, aproximadamente, meia hora.
Marcamos um encontro com ele numa sexta-feira quente, no prédio da OAB de Bauru, às 14h30. Quando chegamos ao local, o candidato já se encontrava presente e nos esperava com uma recepção cordial e simpática.
Então, depois de lhe falar um pouco sobre a nossa proposta e objetivos, conversamos com Gazzetta sobre vários assuntos e sobre como sua campanha de governo trata tais temas. Entre esses assuntos, falamos sobre a “política atual da cidade”, sobre “o meio-ambiente e a política” (vale lembrar que Clodoaldo Gazzetta é biólogo e faz parte do Partido Verde de Bauru, portanto, esse é um tema que não podia ficar de fora da pauta); mas, seguindo a principal proposta de nosso Blog, abordamos, principalmente, o tema “juventude e política”, indagando sobre como ele enxerga certos problemas e falhas que essa “classe” da sociedade enfrenta como, por exemplo, a falta de opções em entretenimento e esportes (especialmente os jovens da periferia da cidade); questionamos o candidato, também, sobre a possibilidade (ou não) de implantar em Bauru, a meia passagem para os estudantes, já que encontramos essa política em cidades vizinhas, como Rio Preto.
Agora, confira aqui, em nosso Blog, UNESPIANDO, o resultado dessa entrevista com o candidato do PV, Clodoaldo Gazzetta.

Rosa Izzo

Muitos imprevistos aconteceram para a entrevista com a candidata à Prefeitura de Bauru pelo PDT, Rosa Izzo. Imprevistos tais que, quando foi finalmente marcada, nosso grupo se viu numa cilada: estávamos todos “de volta para casa”, cada um em suas respectivas cidades. Foi aí, que pedimos ao nosso querido colega Rôney Rodrigues, para que fosse até o encontro com a candidata e que fizesse a entrevista, seguindo uma pauta mais ou menos preparada. A entrevista, feita na Central de Campanha de Rosa Izzo, nos arredores das Nações Unidas, foi feita numa segunda-feira.
Roney nos conta os bastidores do bate-papo:
“A Rosa está chegando… Houve um imprevisto e ela vai se atrasar uns 15 minutinhos. Você pode esperá-la na recepção”, disse a secretária, enquanto procurava algo em sua mesa. Sentei-me no sofá da recepção.
A Central de Campanha de Rosa Izzo ou, em outras palavras, seu Quartel General, fica numa rua próxima às Nações. Depois de insistentes tentativas de contato por telefone, a entrevista ficou marcada para as 16h de uma segunda-feira. O atraso de um entrevistado é algo inevitável e até comum na profissão jornalística. Mas aquele atraso suscitava certa palpitação: apesar de candidatos a qualquer cargo darem entrevistas para todos os veículos de comunicação, não tínhamos nenhum e a probabilidade da entrevista não se realizar começava a parecer grande.
O QG de Rosa é movimentado. Durante o período em que esperava, várias pessoas (muitas já conhecidas de panfletos eleitorais) entravam e saiam, sempre me cumprimentando calorosamente: “Como vai?”, “Já tem candidato?”, “Em quem você vai votar nessa eleição?”.
E foi a uma dessas pessoas que entravam e saiam que um jovem, com seus 25 anos, disse euforicamente: “Estamos muito animados. Rosa Izzo será a futura prefeita de Bauru!”, e ao complementar a frase bem articulada, soando a bordão, olhou-me de soslaio. Em seguida, perguntou:“Você é da Unesp?”
Com a resposta afirmativa, logo quis saber em que meios de comunicação veicularia a entrevista.
“Rosa é a candidata mais bem preparada. Ela conhece o povo de Bauru, ela vai aonde nenhum outro candidato vai: para a periferia, para onde o povo realmente está! Rosa bate de porta em porta, por isso, ela conhece os problemas do cidadão de Bauru. As pessoas, que não sabem dos bastidores da política, dizem que Izzo é isso, que Izzo é aquilo. Mas Izzo fez tudo para o povo e você sabe, quando um político quer mudar as estruturas de um lugar, as elites econômicas logo tentam tirá-lo do poder. Foi isso que aconteceu. Mas o povo, que conhece Izzo de verdade, vai votar em Rosa”, e prosseguiu com o discurso inflamado.
A nossa conversa foi interrompida pelo barulho de um carro estacionando em frente ao QG de Rosa. Uma senhora entra no ambiente de tailler e óculos escuro. O jovem a saúda: “Aí está ela: a futura prefeita de Bauru!”
Ao fim da entrevista, o mesmo jovem, acompanhado de um senhor, me chamou. Mostraram-me uma senhora, que vieram entregar água, cumprimentando Rosa Izzo: “No meu bairro todos vão votar na senhora…”
Enquanto isso, o jovem repetia: “Está vendo? Manifestação espontânea de apoio a Rosa. Aqui não tem manipulação!”

Bastidores Caio Coube e Márcia Camargo

Grupo: Júlia Matravolgyi, Mariana Zaia, Renato Sostena e Vivian Lourenço

A experiência de entrevistar os candidatos à prefeitura da cidade foi ótima para o nosso grupo. A primeira entrevista que fizemos foi com Caio Coube (PSDB). Para realizá-la, fomos para uma área de Bauru incomum aos universitários, principalmente os Unespianos. O contato não foi difícil: fomos bem recebidos na casa da mãe de Caio, onde fomos filmados ao entrevistá-lo.
Quando chegamos, encontramos a assessoria de imprensa do candidato e fomos convidados a gravar para o programa eleitoral do mesmo. Como ninguém do grupo vota em Bauru e por estarmos envolvidos com todos concorrentes em nosso projeto, consideramos a proposta inadequada, já que, entre outras coisas, ameaçava a imparcialidade que procuramos atingir.
No mesmo dia, havíamos marcado com Márcia Camargo (PSOL). Porém, ao chegarmos à UNESP, local da entrevista, recebemos uma ligação desmarcando-a. Remarcamos a atividade para o dia seguinte, quando fomos acompanhar uma panfletagem da candidata. Ela foi receptiva, mas a entrevista não teve um ritmo calmo, uma vez que foi feita no calçadão, centro da cidade.
A produção desse blog nos possibilitou experienciar a rotina de um jornalista. Com isso, ao mesmo tempo que conhecemos o lado bom da profissão – passar por situações novas, freqüentar ambientes variados e informar a população do que acontece na cidade -, pudemos perceber as dificuldades presentes na vida desses profissionais, como os obstáculos encontrados para entrar em contato com algumas pessoas.

Bastidores José Leme e Rodrigo Agostinho

Grupo: Ana Carolina L. Chica, Beatriz Albuquerque e Castro, Carolina Firmino e Maria Carolina Vieira

A primeira consideração que nós temos a fazer em relação a este trabalho é sobre a facilidade encontrada para contatar e marcar as entrevistas com os candidatos a prefeito José Leme e Rodrigo Agostinho.
O passo inicial foi procurar algumas informações sobre eles na internet. Em seguida, no caso do José Leme, bastaram alguns telefonemas para que agendássemos a entrevista no Bar da Cida, em frente à Unesp (o que foi muito cômodo para nós). No caso do Rodrigo Agostinho, mandamos um e-mail e apenas duas horas depois a entrevista já estava marcada. Esta foi a parte fácil.
A entrevista com o Rodrigo Agostinho foi realizada em seu gabinete, próximo à rua Duque de Caxias. Fomos muito bem recebidas, tanto por seu assessor quanto pelas pessoas que estavam lá e também pelo próprio Rodrigo. Ele foi bastante simpático e atencioso, respondendo a todas as perguntas e nos fornecendo novas informações. Percebemos que, apesar da pouca idade, o candidato tem vasto conhecimento político e sabe o que precisa ser feito na cidade.
A entrevista com o candidato José Leme teve seus momentos engraçados. Muito solícito, veio até o Bar da Cida para se encontrar com a gente. Pessoa simples e com algumas “derrapadas” no português, tivemos uma certa dificuldade em fazer com que ele respondesse às perguntas, porque ele sempre acabava concordando com tudo e falando a mesma coisa. Ah! Não podemos esquecer que fomos convidadas por ele a tomar um café na Prefeitura, caso ele venha a ser eleito!
De qualquer forma, valeu a pena toda a experiência, começando pela formulação das perguntas até o nosso encontro com pessoas que realmente estão na mídia. Assim, pudemos sentir o gostinho de como é ser jornalista na realidade!

Bastidores Conselho tutelar e Murilo César Soares


Grupo: Laís Modelli Rodrigues, Juliana Zanatta, Giovana Penatti e Vanessa Silva

Escolhemos a abertura da matéria, introduzindo o que são políticas públicas para jovens, por acharmos que seria relativamente simples entrevistar pessoas com conhecimento sobre o assunto (um sociólogo, alguém do Conselho Municipal, algum jovem envolvido...). Acabamos caindo do cavalo, já que os candidatos a prefeito entrevistados estavam mais disponíveis que nossos entrevistados – por isso, inclusive, que refutamos a pauta de entrevista com os candidatos; não achávamos que eles teriam tempo de falar conosco.
Enfim, a primeira dificuldade foi falar com o Conselho Tutelar. Nos deram uns 7 telefones, nenhum deles dando em lugar nenhum. Resumindo: a entrevista com o Conselho Tutelar foi por água abaixo e, conseqüentemente, a entrevista com o jovem envolvido em alguma política pública, já que contávamos com o Conselho Tutelar para ser nossa fonte.
A entrevista com o sociólogo foi fácil. Nosso professor de Sociologia, Murilo César Soares, foi eleito o entrevistado - pela enésima vez!
E, com um dia de atraso no nosso deadline, conseguimos entrevistar Mariana Cerigatto, estudante de jornalismo que tem grande conhecimento na área, e cujo depoimento nos acrescentou, em cima da hora, o que faltava na matéria.Finalmente, para escrever a matéria, nos juntamos e realizamos a façanha de, a 8 mãos, escrevermos um texto. Conseguimos, enfim, atingir o nosso objetivo principal: introduzir o conceito de políticas públicas pra jovens, de forma que o objetivo do blog seja cumprido.