Carta ao leitor

Olá! Seja bem-vindo ao blog Unespiando, mídia-laboratório da disciplina Técnica Redacional II –
Impresso (turma A), ministrada aos alunos do 2o. termo de Jornalismo da Unesp Bauru.

Aqui, você encontra vários formatos jornalísticos. São reportagens, entrevistas pingue-pongue etc.
Nossas duas metas são: experimentar e oferecer textos sobre assuntos relevantes.

Esta primeira edição é dedicada à cobertura das propostas de políticas públicas voltadas aos jovens,
dos candidatos a prefeito de Bauru.

Nossas equipes foram às ruas e entrevistaram os seis candidatos: Caio Coube, Clodoaldo Gazzetta,
José Leme, Márcia Camargo, Rodrigo Agostinho e Rosa Izzo.

Fizeram, também, uma matéria sobre a importância de políticas específicas aos jovens e outra sobre
a necessidade de formação para uma cultura política.

No Fala Jovem, opiniões da moçada sobre como escolhem em quem votar e sobre o que falta para
eles, em Bauru.

Tudo isso, feito em apenas um mês de aula. Pensa que foi fácil? Eles contam detalhes dessa
experiência na coluna Bastidores.

Pronto, nós já fizemos a nossa parte. Agora, falta a sua: ler, refletir e enviar seus comentários.

Boa leitura!

Profa. Roseane Andrelo

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Entrevistas: Clodoaldo Gazzetta (PV)


“A mudança passa pela vontade de mudar”,afirma Gazzetta

Clodoaldo Armando Gazzetta, 39 anos, é formado em Biologia pela UNESP, foi Secretário do Meio Ambiente de Bauru (1993 a 1996 - Governo Tidei de Lima) e participa ativamente de três ONGs brasileiras: Instituto Socioambiental (1997 a 2001), Fundação SOS Mata Atlântica (2001 a 2005) e Instituto Ambiental Vidágua (2005 a 2008). Fundador do Partido Verde de Bauru, tem como vice o empresário Jú Alvarez. É candidato a prefeito, por esse mesmo partido, sem coligações.

Qual sua opinião em relação à política em Bauru para os jovens? A atual e a que o senhor pretende implantar.
Clodoaldo Gazzetta:Pelo que a gente teve de informação, aqui no município, a respeito da política para jovens, é que ela é muito deficitária, quase inexistente. Eu tenho percorrido grande parte dos bairros da cidade e não tem nada destinado, ou específico, para a questão da juventude. Um dos dados que mais me entristece é que o maior índice de mulheres grávidas no município, 27.5%, é formado por adolescentes de 10 a 20 anos. Então, isso já é um reflexo de que as políticas de saúde e educacionais estão todas erradas, do ponto de vista de melhoria da qualidade de vida dos jovens, de planejamento familiar e de sexualidade. Em nossa proposta de governo, há um eixo maior segmentado em temas. Um desses temas é os jovens, que são um foco de nosso governo. Queremos propiciar não só uma política pública voltada à questão de saúde, mas também à questão do lazer e entretenimento que não existem em Bauru. Temos que lembrar que a juventude das classes média e alta tem a possibilidade de “freqüentar barzinhos”, mas o pessoal da periferia da cidade não tem nada. Eu sei disso porque em todo lugar aonde vou, me param e pedem praças, áreas de lazer, pistas de skate, de bicicleta e, até mesmo, um centro cultural. Além disso, os equipamentos públicos inexistem.

O senhor comentou sobre programa de saúde para jovens. No que se fundamenta esse programa?
C.G.:A idéia é ter alguns centros comunitários pelos bairros, nos quais se realizarão várias atividades bastante ativas, como estudar, através de indicadores, qual a faixa etária dos que moram ali, onde estão localizadas as pessoas que estão mais propensas a se ligarem ao crime, entre outros assuntos. Seria uma política ativa mesmo. Voltado para a questão da saúde, que talvez seja a mais importante delas, eu acho que é importantíssimo que a gente reduza a porcentagem da gravidez das adolescentes. São necessários projetos como planejamento familiar, educação sexual e a integração do jovem no mercado de trabalho. Outra coisa é a questão da criminalidade em Bauru. O número de jovens que migram para o crime tem aumentado. Para ilustrar isso, é só fazer uma comparação: em 1992, quando fui candidato à prefeitura de Bauru, com meus 23 anos, saíamos a pé nas ruas, íamos aos barzinhos, a boates e voltávamos a pé com tranqüilidade. Hoje, se os jovens fazem isso, sofrem grandes riscos, até mesmo o de não voltarem. Durante minha campanha, cheguei a ver no Jaraguá, por exemplo, moças viciadas em pinga que ficam embriagadas o dia inteiro, e se você pergunta a elas porque elas fazem isso, elas te responderão que é porque elas não têm nada a fazer.
Essa questão da saúde é, então, apenas um resultado da falta de atenção para os jovens?
Gazzetta: Eu acho que é uma conseqüência dessa falta de atenção. Quando não se tem nenhuma política voltada para a juventude, a tendência é que você não tenha mais nada. Começa a ter fragmentação da política pública.

Com uma redução de 54% dos eleitores jovens em Bauru, há alguma iniciativa em sua campanha para chamar a atenção dessa faixa etária, não só para votar no senhor, mas para uma maior participação política?
C.G.:Específico, nesta campanha, não. O que a gente está passando é a idéia de que a cidade precisa de uma mudança. Isso é evidente, todo mundo comenta. A mudança passa necessariamente pela vontade de mudar. Quando não se tem a vontade de mudar, acaba se votando por votar. Quando você acredita em uma idéia, não só vota como, também, conscientiza as pessoas a votarem também. Eu tenho falado que eu não quero voto, eu quero que acreditem que é possível mudar através de um projeto diferenciado. Neste próximo domingo (24/08), nós vamos assinar lá na Praça do Barbosa um documento do Partido Verde com o compromisso de instalar no município as ciclovias, atendendo a questão da poluição do ar. Bauru pode ter ciclovias na cidade. O plano diretor do município já aponta as áreas. Pergunto porque não foi feito pelo menos o início de uma política pública para as ciclovias até hoje. Domingo a gente vai assinar esse projeto que prevê 35 km para as ciclovias no município.

Falando um pouco mais sobre transportes, sabe-se que são mais de sete universidades só em Bauru. Em cidades como Botucatu, por exemplo, já existe o passe escolar de ônibus. Por ser tipicamente universitária, deveria existir a meia passagem em Bauru? Ou comprometerá demais a renda para o setor? Como fazer para viabilizar?
C.G.:Isso é vontade política de fazer, porque as passagens de Bauru já são subsidiadas pela prefeitura. Tem linhas de ônibus que são deficitárias e a prefeitura paga o valor das passagens que não foram vendidas. Então, necessariamente, a prefeitura tem que ter uma contrapartida nisso. É uma proposta que eu acho que tem que ser levada em consideração porque as universidades hoje, praticamente, são o coração da cidade. E além de ter uma questão diferenciada para a questão dos universitários, você tem que integrar os universitários na prefeitura. Na época da secretaria, nós abrimos a contratação de doze estagiários. Nós contratamos seis biólogos e seis estudantes de direito. E foi através deste pessoal, que a gente elaborou o código ambiental de Bauru, que foi o primeiro do Brasil.

Sobre a educação não-municipalizada que está no seu plano de governo, poderia explicar um pouco mais sobre ela?
C.G.:O governo do Estado quer passar a responsabilidade para os municípios da educação básica. Ele repassa para o município um valor por aluno e o município assume a responsabilidade. Isso causa uma demissão em massa dos professores que hoje estão na rede estadual. E não é uma vantagem para a prefeitura, já que o valor repassado pelo Estado não é condizente com a demanda financeira necessária. Então, essa não-municipalização é uma retificação, tanto da categoria, quanto da cidade. Se você assume essa bomba, vai acontecer o mesmo que aconteceu com a saúde e sabe-se que é super trágica a situação da saúde de Bauru. Talvez uma das piores que eu tenho visto nos últimos anos. Fiquei sabendo neste sábado passado da história de uma senhora que internou a filha, de 26 anos, com pneumonia. Ela foi junto com a filha às nove da manhã ao hospital. No outro dia, ela foi visitá-la e quando chegou lá, a menina já tinha morrido. É um absurdo a situação da saúde em Bauru.

Nós queríamos falar agora sobre o jovem no mercado de trabalho. Sobre o seu programa “Oportunidade Jovem”. O senhor diz que vai criar mil novos postos de trabalho para esses jovens aprendizes. Como o senhor pretende realizar esse projeto?
C.G.:Eu não vou dizer que é simples, mas, politicamente falando, é fácil de fazer. A prefeitura arrecada o ISS no município. Se diminuir 0,02% desse ISS é possível criar essas mil vagas. É um valor que a empresa pode pagar e não, necessariamente, precisa recolher o valor integral de impostos para o Governo Federal. O que, para a prefeitura, é vantagem, já que qualifica o profissional; principalmente o pessoal com menos recurso, da periferia, que precisa de oportunidade. É uma política pública muito simples de fazer, mas, burocraticamente falando, pode ficar complicado.

Grupo: Gabriel Maia Salgado, Ana Lis Soares Costa e Nara De Stéfani

Nenhum comentário: