“A mudança passa pela vontade de mudar”,afirma Gazzetta
Clodoaldo Armando Gazzetta, 39 anos, é formado em Biologia pela UNESP, foi Secretário do Meio Ambiente de Bauru (1993 a 1996 - Governo Tidei de Lima) e participa ativamente de três ONGs brasileiras: Instituto Socioambiental (1997 a 2001), Fundação SOS Mata Atlântica (2001 a 2005) e Instituto Ambiental Vidágua (2005 a 2008). Fundador do Partido Verde de Bauru, tem como vice o empresário Jú Alvarez. É candidato a prefeito, por esse mesmo partido, sem coligações.
Qual sua opinião em relação à política em Bauru para os jovens? A atual e a que o senhor pretende implantar.
Clodoaldo Gazzetta:Pelo que a gente teve de informação, aqui no município, a respeito da política para jovens, é que ela é muito deficitária, quase inexistente. Eu tenho percorrido grande parte dos bairros da cidade e não tem nada destinado, ou específico, para a questão da juventude. Um dos dados que mais me entristece é que o maior índice de mulheres grávidas no município, 27.5%, é formado por adolescentes de 10 a 20 anos. Então, isso já é um reflexo de que as políticas de saúde e educacionais estão todas erradas, do ponto de vista de melhoria da qualidade de vida dos jovens, de planejamento familiar e de sexualidade. Em nossa proposta de governo, há um eixo maior segmentado em temas. Um desses temas é os jovens, que são um foco de nosso governo. Queremos propiciar não só uma política pública voltada à questão de saúde, mas também à questão do lazer e entretenimento que não existem em Bauru. Temos que lembrar que a juventude das classes média e alta tem a possibilidade de “freqüentar barzinhos”, mas o pessoal da periferia da cidade não tem nada. Eu sei disso porque em todo lugar aonde vou, me param e pedem praças, áreas de lazer, pistas de skate, de bicicleta e, até mesmo, um centro cultural. Além disso, os equipamentos públicos inexistem.
O senhor comentou sobre programa de saúde para jovens. No que se fundamenta esse programa?
C.G.:A idéia é ter alguns centros comunitários pelos bairros, nos quais se realizarão várias atividades bastante ativas, como estudar, através de indicadores, qual a faixa etária dos que moram ali, onde estão localizadas as pessoas que estão mais propensas a se ligarem ao crime, entre outros assuntos. Seria uma política ativa mesmo. Voltado para a questão da saúde, que talvez seja a mais importante delas, eu acho que é importantíssimo que a gente reduza a porcentagem da gravidez das adolescentes. São necessários projetos como planejamento familiar, educação sexual e a integração do jovem no mercado de trabalho. Outra coisa é a questão da criminalidade em Bauru. O número de jovens que migram para o crime tem aumentado. Para ilustrar isso, é só fazer uma comparação: em 1992, quando fui candidato à prefeitura de Bauru, com meus 23 anos, saíamos a pé nas ruas, íamos aos barzinhos, a boates e voltávamos a pé com tranqüilidade. Hoje, se os jovens fazem isso, sofrem grandes riscos, até mesmo o de não voltarem. Durante minha campanha, cheguei a ver no Jaraguá, por exemplo, moças viciadas em pinga que ficam embriagadas o dia inteiro, e se você pergunta a elas porque elas fazem isso, elas te responderão que é porque elas não têm nada a fazer.
Essa questão da saúde é, então, apenas um resultado da falta de atenção para os jovens?
Gazzetta: Eu acho que é uma conseqüência dessa falta de atenção. Quando não se tem nenhuma política voltada para a juventude, a tendência é que você não tenha mais nada. Começa a ter fragmentação da política pública.
Com uma redução de 54% dos eleitores jovens em Bauru, há alguma iniciativa em sua campanha para chamar a atenção dessa faixa etária, não só para votar no senhor, mas para uma maior participação política?
C.G.:Específico, nesta campanha, não. O que a gente está passando é a idéia de que a cidade precisa de uma mudança. Isso é evidente, todo mundo comenta. A mudança passa necessariamente pela vontade de mudar. Quando não se tem a vontade de mudar, acaba se votando por votar. Quando você acredita em uma idéia, não só vota como, também, conscientiza as pessoas a votarem também. Eu tenho falado que eu não quero voto, eu quero que acreditem que é possível mudar através de um projeto diferenciado. Neste próximo domingo (24/08), nós vamos assinar lá na Praça do Barbosa um documento do Partido Verde com o compromisso de instalar no município as ciclovias, atendendo a questão da poluição do ar. Bauru pode ter ciclovias na cidade. O plano diretor do município já aponta as áreas. Pergunto porque não foi feito pelo menos o início de uma política pública para as ciclovias até hoje. Domingo a gente vai assinar esse projeto que prevê 35 km para as ciclovias no município.
Falando um pouco mais sobre transportes, sabe-se que são mais de sete universidades só em Bauru. Em cidades como Botucatu, por exemplo, já existe o passe escolar de ônibus. Por ser tipicamente universitária, deveria existir a meia passagem em Bauru? Ou comprometerá demais a renda para o setor? Como fazer para viabilizar?
C.G.:Isso é vontade política de fazer, porque as passagens de Bauru já são subsidiadas pela prefeitura. Tem linhas de ônibus que são deficitárias e a prefeitura paga o valor das passagens que não foram vendidas. Então, necessariamente, a prefeitura tem que ter uma contrapartida nisso. É uma proposta que eu acho que tem que ser levada em consideração porque as universidades hoje, praticamente, são o coração da cidade. E além de ter uma questão diferenciada para a questão dos universitários, você tem que integrar os universitários na prefeitura. Na época da secretaria, nós abrimos a contratação de doze estagiários. Nós contratamos seis biólogos e seis estudantes de direito. E foi através deste pessoal, que a gente elaborou o código ambiental de Bauru, que foi o primeiro do Brasil.
Sobre a educação não-municipalizada que está no seu plano de governo, poderia explicar um pouco mais sobre ela?
C.G.:O governo do Estado quer passar a responsabilidade para os municípios da educação básica. Ele repassa para o município um valor por aluno e o município assume a responsabilidade. Isso causa uma demissão em massa dos professores que hoje estão na rede estadual. E não é uma vantagem para a prefeitura, já que o valor repassado pelo Estado não é condizente com a demanda financeira necessária. Então, essa não-municipalização é uma retificação, tanto da categoria, quanto da cidade. Se você assume essa bomba, vai acontecer o mesmo que aconteceu com a saúde e sabe-se que é super trágica a situação da saúde de Bauru. Talvez uma das piores que eu tenho visto nos últimos anos. Fiquei sabendo neste sábado passado da história de uma senhora que internou a filha, de 26 anos, com pneumonia. Ela foi junto com a filha às nove da manhã ao hospital. No outro dia, ela foi visitá-la e quando chegou lá, a menina já tinha morrido. É um absurdo a situação da saúde em Bauru.
Nós queríamos falar agora sobre o jovem no mercado de trabalho. Sobre o seu programa “Oportunidade Jovem”. O senhor diz que vai criar mil novos postos de trabalho para esses jovens aprendizes. Como o senhor pretende realizar esse projeto?
C.G.:Eu não vou dizer que é simples, mas, politicamente falando, é fácil de fazer. A prefeitura arrecada o ISS no município. Se diminuir 0,02% desse ISS é possível criar essas mil vagas. É um valor que a empresa pode pagar e não, necessariamente, precisa recolher o valor integral de impostos para o Governo Federal. O que, para a prefeitura, é vantagem, já que qualifica o profissional; principalmente o pessoal com menos recurso, da periferia, que precisa de oportunidade. É uma política pública muito simples de fazer, mas, burocraticamente falando, pode ficar complicado.
Grupo: Gabriel Maia Salgado, Ana Lis Soares Costa e Nara De Stéfani
Clodoaldo Armando Gazzetta, 39 anos, é formado em Biologia pela UNESP, foi Secretário do Meio Ambiente de Bauru (1993 a 1996 - Governo Tidei de Lima) e participa ativamente de três ONGs brasileiras: Instituto Socioambiental (1997 a 2001), Fundação SOS Mata Atlântica (2001 a 2005) e Instituto Ambiental Vidágua (2005 a 2008). Fundador do Partido Verde de Bauru, tem como vice o empresário Jú Alvarez. É candidato a prefeito, por esse mesmo partido, sem coligações.
Qual sua opinião em relação à política em Bauru para os jovens? A atual e a que o senhor pretende implantar.
Clodoaldo Gazzetta:Pelo que a gente teve de informação, aqui no município, a respeito da política para jovens, é que ela é muito deficitária, quase inexistente. Eu tenho percorrido grande parte dos bairros da cidade e não tem nada destinado, ou específico, para a questão da juventude. Um dos dados que mais me entristece é que o maior índice de mulheres grávidas no município, 27.5%, é formado por adolescentes de 10 a 20 anos. Então, isso já é um reflexo de que as políticas de saúde e educacionais estão todas erradas, do ponto de vista de melhoria da qualidade de vida dos jovens, de planejamento familiar e de sexualidade. Em nossa proposta de governo, há um eixo maior segmentado em temas. Um desses temas é os jovens, que são um foco de nosso governo. Queremos propiciar não só uma política pública voltada à questão de saúde, mas também à questão do lazer e entretenimento que não existem em Bauru. Temos que lembrar que a juventude das classes média e alta tem a possibilidade de “freqüentar barzinhos”, mas o pessoal da periferia da cidade não tem nada. Eu sei disso porque em todo lugar aonde vou, me param e pedem praças, áreas de lazer, pistas de skate, de bicicleta e, até mesmo, um centro cultural. Além disso, os equipamentos públicos inexistem.
O senhor comentou sobre programa de saúde para jovens. No que se fundamenta esse programa?
C.G.:A idéia é ter alguns centros comunitários pelos bairros, nos quais se realizarão várias atividades bastante ativas, como estudar, através de indicadores, qual a faixa etária dos que moram ali, onde estão localizadas as pessoas que estão mais propensas a se ligarem ao crime, entre outros assuntos. Seria uma política ativa mesmo. Voltado para a questão da saúde, que talvez seja a mais importante delas, eu acho que é importantíssimo que a gente reduza a porcentagem da gravidez das adolescentes. São necessários projetos como planejamento familiar, educação sexual e a integração do jovem no mercado de trabalho. Outra coisa é a questão da criminalidade em Bauru. O número de jovens que migram para o crime tem aumentado. Para ilustrar isso, é só fazer uma comparação: em 1992, quando fui candidato à prefeitura de Bauru, com meus 23 anos, saíamos a pé nas ruas, íamos aos barzinhos, a boates e voltávamos a pé com tranqüilidade. Hoje, se os jovens fazem isso, sofrem grandes riscos, até mesmo o de não voltarem. Durante minha campanha, cheguei a ver no Jaraguá, por exemplo, moças viciadas em pinga que ficam embriagadas o dia inteiro, e se você pergunta a elas porque elas fazem isso, elas te responderão que é porque elas não têm nada a fazer.
Essa questão da saúde é, então, apenas um resultado da falta de atenção para os jovens?
Gazzetta: Eu acho que é uma conseqüência dessa falta de atenção. Quando não se tem nenhuma política voltada para a juventude, a tendência é que você não tenha mais nada. Começa a ter fragmentação da política pública.
Com uma redução de 54% dos eleitores jovens em Bauru, há alguma iniciativa em sua campanha para chamar a atenção dessa faixa etária, não só para votar no senhor, mas para uma maior participação política?
C.G.:Específico, nesta campanha, não. O que a gente está passando é a idéia de que a cidade precisa de uma mudança. Isso é evidente, todo mundo comenta. A mudança passa necessariamente pela vontade de mudar. Quando não se tem a vontade de mudar, acaba se votando por votar. Quando você acredita em uma idéia, não só vota como, também, conscientiza as pessoas a votarem também. Eu tenho falado que eu não quero voto, eu quero que acreditem que é possível mudar através de um projeto diferenciado. Neste próximo domingo (24/08), nós vamos assinar lá na Praça do Barbosa um documento do Partido Verde com o compromisso de instalar no município as ciclovias, atendendo a questão da poluição do ar. Bauru pode ter ciclovias na cidade. O plano diretor do município já aponta as áreas. Pergunto porque não foi feito pelo menos o início de uma política pública para as ciclovias até hoje. Domingo a gente vai assinar esse projeto que prevê 35 km para as ciclovias no município.
Falando um pouco mais sobre transportes, sabe-se que são mais de sete universidades só em Bauru. Em cidades como Botucatu, por exemplo, já existe o passe escolar de ônibus. Por ser tipicamente universitária, deveria existir a meia passagem em Bauru? Ou comprometerá demais a renda para o setor? Como fazer para viabilizar?
C.G.:Isso é vontade política de fazer, porque as passagens de Bauru já são subsidiadas pela prefeitura. Tem linhas de ônibus que são deficitárias e a prefeitura paga o valor das passagens que não foram vendidas. Então, necessariamente, a prefeitura tem que ter uma contrapartida nisso. É uma proposta que eu acho que tem que ser levada em consideração porque as universidades hoje, praticamente, são o coração da cidade. E além de ter uma questão diferenciada para a questão dos universitários, você tem que integrar os universitários na prefeitura. Na época da secretaria, nós abrimos a contratação de doze estagiários. Nós contratamos seis biólogos e seis estudantes de direito. E foi através deste pessoal, que a gente elaborou o código ambiental de Bauru, que foi o primeiro do Brasil.
Sobre a educação não-municipalizada que está no seu plano de governo, poderia explicar um pouco mais sobre ela?
C.G.:O governo do Estado quer passar a responsabilidade para os municípios da educação básica. Ele repassa para o município um valor por aluno e o município assume a responsabilidade. Isso causa uma demissão em massa dos professores que hoje estão na rede estadual. E não é uma vantagem para a prefeitura, já que o valor repassado pelo Estado não é condizente com a demanda financeira necessária. Então, essa não-municipalização é uma retificação, tanto da categoria, quanto da cidade. Se você assume essa bomba, vai acontecer o mesmo que aconteceu com a saúde e sabe-se que é super trágica a situação da saúde de Bauru. Talvez uma das piores que eu tenho visto nos últimos anos. Fiquei sabendo neste sábado passado da história de uma senhora que internou a filha, de 26 anos, com pneumonia. Ela foi junto com a filha às nove da manhã ao hospital. No outro dia, ela foi visitá-la e quando chegou lá, a menina já tinha morrido. É um absurdo a situação da saúde em Bauru.
Nós queríamos falar agora sobre o jovem no mercado de trabalho. Sobre o seu programa “Oportunidade Jovem”. O senhor diz que vai criar mil novos postos de trabalho para esses jovens aprendizes. Como o senhor pretende realizar esse projeto?
C.G.:Eu não vou dizer que é simples, mas, politicamente falando, é fácil de fazer. A prefeitura arrecada o ISS no município. Se diminuir 0,02% desse ISS é possível criar essas mil vagas. É um valor que a empresa pode pagar e não, necessariamente, precisa recolher o valor integral de impostos para o Governo Federal. O que, para a prefeitura, é vantagem, já que qualifica o profissional; principalmente o pessoal com menos recurso, da periferia, que precisa de oportunidade. É uma política pública muito simples de fazer, mas, burocraticamente falando, pode ficar complicado.
Grupo: Gabriel Maia Salgado, Ana Lis Soares Costa e Nara De Stéfani
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