Carta ao leitor

Olá! Seja bem-vindo ao blog Unespiando, mídia-laboratório da disciplina Técnica Redacional II –
Impresso (turma A), ministrada aos alunos do 2o. termo de Jornalismo da Unesp Bauru.

Aqui, você encontra vários formatos jornalísticos. São reportagens, entrevistas pingue-pongue etc.
Nossas duas metas são: experimentar e oferecer textos sobre assuntos relevantes.

Esta primeira edição é dedicada à cobertura das propostas de políticas públicas voltadas aos jovens,
dos candidatos a prefeito de Bauru.

Nossas equipes foram às ruas e entrevistaram os seis candidatos: Caio Coube, Clodoaldo Gazzetta,
José Leme, Márcia Camargo, Rodrigo Agostinho e Rosa Izzo.

Fizeram, também, uma matéria sobre a importância de políticas específicas aos jovens e outra sobre
a necessidade de formação para uma cultura política.

No Fala Jovem, opiniões da moçada sobre como escolhem em quem votar e sobre o que falta para
eles, em Bauru.

Tudo isso, feito em apenas um mês de aula. Pensa que foi fácil? Eles contam detalhes dessa
experiência na coluna Bastidores.

Pronto, nós já fizemos a nossa parte. Agora, falta a sua: ler, refletir e enviar seus comentários.

Boa leitura!

Profa. Roseane Andrelo

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Entrevistas: Rodrigo Agostinho (PMDB)


“Eu tenho como compromisso lutar pela juventude”, afirma Rodrigo Agostinho

Rodrigo Agostinho (PMDB), 31 anos, formado em direito pela ITE –Bauru, começou sua carreira política muito jovem. Desde o início da década de noventa, atua em causas ambientais, participando de diversas ONG’s e prestando serviços à ONU no Panamá e na África do Sul. Foi eleito vereador em Bauru em 2000 e reeleito em 2004, tendo sido o candidato mais votado na história da cidade. Atualmente, é o candidato a prefeito mais jovem. Ele concorre às eleições municipais pela coligação ‘’Bauru de Todos’’ e tem como vice a petista Estela Almagro.

Quais são suas propostas para educação, esporte e lazer? Quais as propostas que têm relação restrita aos jovens?
Rodrigo Agostinho : No caso da educação, em primeiro lugar, vamos trabalhar com os servidores da educação, que são os professores, e fazer todo um trabalho de valorização do profissional que atua na área da educação. Então a idéia é mandar para a Câmara, logo no início do ano, um novo Estatuto do Magistério, que é um plano de carreira, para que os professores sintam-se estimulados a continuar atuando nessa área. Hoje, um dos maiores déficits é que você não encontra professores e eles não são estimulados a atuar na carreira. Uma outra ação é inserir de uma maneira mais forte, na educação, aulas de música, dança, teatro, esportes. Não como é hoje: a cultura vista como educação artística e o esporte como educação física. Ao município cabe o ensino básico, mas eu entendo também que o prefeito tem um papel muito grande de poder negociar com o Estado a melhoria do ensino estadual. Pretendemos atuar de maneira mais abrangente, entendendo a educação não como educação municipal ou educação do Estado, mas como sistema de educação, de maneira mais integrada.
Para os esportes, nós queremos fazer algumas ações no sentido de primeiro recuperar os equipamentos que estão sucateados, que é o caso da academia de ginástica olímpica e da piscina pública. Outra ação é no sentido de criar em alguns espaços públicos equipamentos esportivos para os jovens, como pistas de skate, que Bauru não tem nenhuma, e pequenas quadrinhas de esportes. Uma alternativa, já que estamos com os partidos que dão sustentação ao Governo Federal, é criar um cursinho preparatório para o vestibular para alunos de baixa renda, porque hoje o Estado oferece o Ensino Médio, só que se o aluno quer entrar numa faculdade e precisa fazer cursinho ele tem que pagar. Hoje existem vagas nas escolas particulares para alunos de baixa renda através do Prouni, mas às vezes eles não conseguem acessar a faculdade por causa dos vestibulares.

Existe alguma proposta para a inserção dos jovens no mercado de trabalho?
R.A.:Temos uma estratégia bem forte na área de desenvolvimento econômico que melhoraria a arrecadação do município. Montaremos um posto de atendimento ao empreendedor e neste posto ofereceremos às empresas que querem investir em Bauru o currículo dos jovens, que vão estar à disposição para serem inseridos no mercado de trabalho. A idéia é facilitar tanto para o jovem que procura emprego quanto para as empresas que estão vindo se instalar na cidade, para facilitar a burocracia e o acesso dela ao jovem que está à disposição no mercado. Além do que, a própria prefeitura pode aproveitar muitos jovens como estagiários, garantindo um melhor currículo a eles.

Desde muito jovem, o senhor foi bastante ativo em relação às causas ambientais. Existe algum projeto que concilie políticas públicas voltadas para o jovem com educação ambiental?
R.A.:Sim, procuramos um desenvolvimento que seja socialmente justo, economicamente viável, mas que também seja ambientalmente correto. Pra isso é muito importante a educação ambiental, assim não teremos uma cidade muito suja, evitando problemas com a saúde pública, com a questão da dengue, da leishimaniose. Nós temos vários problemas ambientais, como a falta de tratamento de esgoto, a escassez de recursos hídricos, o problema do lixo e do aterro sanitário. Existem ainda loteamentos surgindo em Bauru, muitos em áreas de mata, como é o caso da mata em frente a UNESP. Educação ambiental é pensar nisso, como forma de fazer com que as pessoas passem a se preocupar um pouquinho mais com a causa ambiental, a refletir sobre o ambiente em que elas vivem, atuando como um processo de mudança de comportamento.

O senhor começou sua carreira muito cedo: aos 14 anos participou da ECO92, como voluntário de ONG’S, e em 2000 foi o vereador eleito mais jovem de Bauru. O senhor se considera um exemplo para os jovens?
R.A.:Realmente eu comecei a trabalhar muito cedo. Logo com 14, 15 anos eu comecei a me envolver com instituições na área de meio ambiente, a fazer estágios, a atuar como militante; e com 18 anos fui candidato a vereador pela primeira vez, fui eleito depois com 22 e trabalhei em várias instituições. Já fui atuar junto à ONU no Panamá, na África do Sul. Eu acho sim que posso servir como exemplo, mas sou suspeito para falar. Eu gostaria que existissem outras oportunidades para os jovens que estão aí. Acho que eu tive muita sorte de ter encontrado pessoas que me apoiaram, acreditaram nas minhas idéias, naquilo que eu tentei buscar. Eu sei que muito jovem também quer se engajar, se envolver com alguma causa. Então o poder público tem esse grande desafio de também ajudar a criar essas oportunidades. Eu acho que na política existe um espaço, mas é um grande desafio. O jovem tem que encarar a política como instrumento para poder transformar o mundo, e não apenas avaliar a política como um ambiente de corrupção, de conchavo, de sacanagem, porque também existe muita gente séria envolvida.

Em recente pesquisa do instituto Vox Populi, 52% dos eleitores brasileiros afirmaram não confiar em uma eleição limpa e 82% não acreditam que os políticos irão cumprir as promessas feitas em campanha depois de eleitos. Em sua opinião, quais os motivos desta opinião pública tão negativa em relação aos políticos? O senhor acha que o desinteresse dos jovens por política é relacionado a isto?
R.A.:Nós passamos por um período muito difícil de ditadura militar, seguida de um processo de redemocratização, quando as pessoas passaram a ter acesso à informação que não tinham antes. A qualquer momento podem surgir denúncias e a população começa a ficar descrente de tudo na política. Só que, todos nós, inclusive os políticos, somos governados por alguém. E precisamos ter bons representantes, em todas as esferas: no executivo, no legislativo e no judiciário. Então a população tem que aproveitar o momento que surge de quatro em quatro anos para decidir bem, avaliar as opções que tem. Ao jovem, acho que falta muita educação política e preparação da própria escola, que se preocupa com determinadas e não prepara o jovem para entender como o mundo funciona politicamente. Existe um conjunto de fatores que leva a essa descrença generalizada, porque está muito difícil fazer política, fazer campanha, a população não está disposta a ouvir, não quer nem saber, e isso é muito ruim.

Como o senhor acha que pode mudar esse quadro?

R.A.:Pode mudar com o bom exemplo de governantes que saibam fazer a diferença. Bauru vive uma crise política que se arrasta por mais de quinze anos. Seja qual prefeito vier a ganhar essa eleição, é um grande desafio mostrar que é possível fazer as coisas de uma maneira diferente, de maneira mais participativa, mais democrática, mais transparente, com maior eficiência, dentro da legalidade, respeitando as outras instituições, no caso do Legislativo, sabendo ouvir a população, implantando, por exemplo, o orçamento participativo.

Você deixou em aberto a criação de escolas experimentais. Sendo ambientalista, você não possui interesse de desenvolver um projeto de escola sustentável como existe em outras cidades do Brasil?
R.A.:Eu acho complicado criarmos projetos educacionais diferenciados na situação atual. Uma questão que eu tenho colocado muito é por que o ensino público tem que ser pior do que o privado? As pessoas acham que gasta-se pouco, na verdade gasta-se mal. Para o ano que vem, a prefeitura estima, para 20.500 alunos no ensino municipal, gastar 80 milhões de reais. É um grande desafio melhorarmos a eficiência do sistema de educação: com salas-ambientes, com recursos audiovisuais, ensinar desde cedo aos jovens um idioma, computação...

Entre uma de suas propostas está a possibilidade de trazer uma Universidade Federal para Bauru. Quais seriam as vantagens?
R.A.:Já que estamos com os partidos aliados ao governo federal, trazer mais uma universidade é um ganho a mais para o município. Você tem a Universidade Federal em São Carlos que está transformando a cidade num grande pólo de tecnologia. Bauru tem hoje escassez do curso de Medicina, Engenharia Agronômica, Veterinária. A idéia seria atrair mais cursos. Já que Bauru é um pólo estudantil, por que a gente não pode aproveitar?

Sabemos que o município tem o direito de optar ou não pelo desconto no passe do transporte público para estudantes maiores de 18 anos, assim acontece em cidades como São José do Rio Preto e Botucatu. Existe algum projeto para implantar essa medida aqui em Bauru, já que é uma cidade com um grande número de universitários?
R.A.:A idéia é de que possamos estender esse direito, só que a prefeitura teria que arcar com essas despesas. O ano que vem vence uma das licitações em contrato e a intenção é que já esteja incluído no edital dessa licitação que a empresa operante vai ter que dar obrigatoriamente esse desconto para estudantes acima de 18 anos. É um valor que é possível a prefeitura arcar atualmente. Uma outra mudança prevista é a questão do preço da tarifa integrada, além de investir em calçadas e nas ciclovias.

Houve uma redução de 54% de eleitores de 16 e 17 anos (idade em que o voto é facultativo) para as eleições deste ano em relação ao ano 2000. Foram apontados como motivos, a falta de discussão política no ensino médio e o histórico recente de escândalos e cassações, especificamente, na política bauruense. Quais são suas propostas para levar o eleitorado jovem às urnas nas próximas eleições?
R.A.:É muito difícil porque o momento dos jovens poderem tirar o título já foi. Queremos mobilizar a juventude e mostrar que existem bons candidatos, incentivá-la a prestar atenção no horário político, nas propostas apresentadas pela imprensa. O jovem também precisa de políticas nas mais diferentes áreas, seja educação, esporte, lazer, cultura, assistência através do transporte, assistência social, saúde. Quando eu comecei a campanha há um mês, a maioria dos jovens não sabia nem que teriam eleições esse ano, e nós estamos há 45 dias da eleição! Então o jovem tem que se informar e a escola tem um grande papel nisso. Teremos que estudar porque a escola deixou de ter esse lado no papel de formação política.

Para finalizar, no horário eleitoral você tem falado muito sobre compromisso. Qual seria o seu compromisso com os jovens?
R.A.:A idéia que venho explorando na questão do compromisso é que não adianta o candidato fazer um monte de promessa, sendo que ele pode não conseguir cumprir. Mesmo se tiver boa vontade, pode-se esbarrar numa série de dificuldades. Às vezes a Câmara pode não autorizar ou o orçamento pode não ser suficiente para executar todas as obras. Então, o político também tem que ter a coragem de dizer ao povo: “Vou trabalhar muito por isso, espero conseguir fazer, pode ser que eu não consiga, mas eu vou me esforçar ao máximo”! Eu tenho como compromisso lutar pela juventude, pela educação, tem uma série de projetos que eu quero poder executar, mas isso é diferente de promessa. Muita gente pergunta, será que você vai conseguir? Mas existe uma série de dificuldades, o governante hoje presta contas ao Ministério Público do Estado, ao Tribunal de Contas do Estado, ao Ministério Público Federal, ao Tribunal de Contas da União, à Corregedoria da União, para a Câmara Municipal. Está todo mundo cansado de promessa, porque chega a eleição, um monte de gente promete um monte de coisa e depois acaba não fazendo. A intenção é ter uma política clara para o jovem, fazer uma conferência de jovens... Nós tivemos uma primeira o ano passado, onde começou a ser construída uma política para a juventude, criando um conselho municipal da juventude, fazendo exatamente o que eles querem, levando shows, musicais, eventos para os bairros, tendo uma agenda de eventos, criando projetos culturais, educacionais, investindo em dança, música, teatro, esporte, enfim criando oportunidades. Investir na questão do primeiro emprego, de poder orientar os jovens também a como procurar um emprego, como servir de canal. Então a administração pública tem que ter esse compromisso.

Grupo: Ana Carolina Chica, Beatriz Albuquerque e Castro, Carolina Firmino, Maria Carolina Vieira e Mami

Um comentário:

[GRAZIELE GUIMARÃES] disse...

Parabéns pela idéia do blog. Eu adorei!!
Consciência política é essencial, pois em nossos dias as pessoas só lembram dos políticos na época da eleição ou quando falta água na torneira...
Devemos levar esta consciência aos nossos leitores, pois a imprensa é, sem sombra de dúvidas, formadora de opinião e nesta "empreitada" deve fazer o papel social a que lhe é de incumbência: levar a informação e informação de qualidade!
Parabéns, bixarada, ops, futuros jornalistas!!

Graziele Guimarães
Estudante de Jornalismo - (7º termo) e Estudante de Direito